O PADRE DAS PANELAS FURADAS

O PADRE DAS PANELAS FURADAS

A criatividade de Dom Orione era algo, por assim dizer, sem limites. Não havia situação ou problema que não encontrasse uma solução mirabolante na cabeça de Dom Orione. Essa incrível capacidade de lidar com as dificuldades da vida vinha, sem dúvidas, da fé inquebrantável que Dom Orione tinha em Deus e em Nossa Senhora. A Divina Providência, para ele, não faltava nunca.

Certa vez, Dom Orione decidiu homenagear Nossa Senhora da Guarda, construindo para ela um santuário na cidade italiana de Tortona. Tudo estava pronto e idealizado nos em seus sonhos. Faltava, porém, só um pequeno detalhe: não havia dinheiro para a construção. Obviamente, Dom Orione acredita que tudo iria bem, pois Deus nunca lhe deixara faltar nada. Em pouco tempo, doações começaram a surgir de todos os lados e em pouco tempo Dom Orione já dispunha de uma boa quantia de dinheiro para começar as obras. Nesse intento, ele decidiu que seus religiosos deveriam dar exemplo. Se o povo trabalhava duro para conseguir seu sustento, então os padres e seminaristas também deveriam trabalhar. Em poucos meses, o que se vira em Tortona era uma coisa inédita naquela Itália católica: religiosos com carrinhos de mão, pás e enxadas numa procissão pelas ruas da cidade. Sim, em vez de velas e turíbulo, os padres carregavam instrumentos de trabalho! E foi justamente assim, com o trabalho braçal dos padres e seminaristas que o Santuário foi erguido.

Mas o sonho de Dom Orione pedia mais. No alto da torre recém erguida queria ele colocar uma imagem gigantesca de Nossa Senhora. Mas como? Isso custaria uma fortuna! Isso, todavia, não era problema para um homem cheio de ideias mirabolantes. Dom Orione saiu pelas ruas da cidade pedindo panelas furadas, velhas, daquelas antigas, feitas de cobre. Em pouco tempo, já tinha milhares delas! E para que? Ora, panelas velhas podem ser derretidas e com o cobre resultante pode se fazer uma bela estátua de Maria! E assim foi feito. Ele logo se tornou conhecido nos campos do Piemonte como “o padre das panelas furadas”. Parecia que ele coletava lixo, coisas que as pessoas jogavam fora, mas em vez disso foi ele o iniciador da construção da estátua colossal que hoje pode ser vista brilhando como ouro no topo da torre de Tortona. Atrás do Santuário e a ele ligada está a torre de 60 metros de altura construída nos anos 1954 58 num projeto do arquiteto Gallo de Turim. Na sua parte superior encontra-se a estátua em bronze dourado da Virgem com o Menino Jesus nos braços, feita pelo escultor Narciso Cassino, com 14 metros de altura e 12 toneladas. É a maior estátua de bronze do mundo colocada sobre um edifício. Foi realizado utilizando como matéria-prima o cobre das vasilhas quebradas recolhidas na diocese de Tortona após a missão de pregação lançada por Dom Orione para a construção do monumento. A torre pode ser visitada até a varanda na base da estátua.

No dia 29 de agosto de 1931, Dom Grassi, Bispo de Tortona, abre solenemente o culto a Maria em sua dedicação no Santuário de Nossa Senhora da Guarda. Hoje, quem passa por Tortona, a quilômetros de distancia pode ver a imagem. Como dizia Dom Orione, “quero que todos possam admirar e elevar seus pensamentos a Deus quando olharem para a imagem tão querida e bonita de Maria, Nossa Senhora da Guarda”.

“Tortona, cante a Deus um novo canto: a inauguração do seu Santuário é uma aurora! Serão muitos que olharão para você! Quantos serão – e de quantos caminhos – os que encaminharão seus passos para o Santuário, desejosos de uma vida renovada de Fé, de uma vida cristã e cidadã honesta, sedentos de amar a Deus e aos irmãos, de servir a Cristo nos pobres e nos órfãos; em humildade, caridade e Trabalho! Vês, Tortona, aqueles pequenos trabalhadores do Santuário? Parecem simples peões de pedreiro, e são levitas do Senhor: vestidos de andrajos, manchados de cal, mais pobres que o próprio Francisco de Assis… Mas um dia você verá, você verá… Deus os transformará em apóstolos e enviados de Cristo; Arautos da civilização, distribuirão o mundo para anunciar o Evangelho… ” (São Luís Orione)

Fonte: Escritos de São Luís Orione

Imagens: Orionitas/Santuário de Tortona

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