FESTA DO CENTENÁRIO DA VISITA DE DOM ORIONE AO BRASIL E DE SUA CHEGADA EM MAR DE ESPANHA-MG

FESTA DO CENTENÁRIO DA VISITA DE DOM ORIONE AO BRASIL E DE SUA CHEGADA EM MAR DE ESPANHA-MG

“Estou disposto a ir eu mesmo ao Brasil, quando fosse necessário e para a glória de Deus. Não sei a língua, não sei nada, mas a caridade fala uma só língua e todas as línguas” (Dom Orione, 1905)

 

De 26 a 29 de agosto de 2021, os olhos da Pequena Obra da Divina Providência no Brasil se voltaram para Mar de Espanha, primeira cidade a receber os missionários orionitas que lá chegaram no alvorecer de 1914. Tal experiência foi possível graças à amizade do Fundador com Madre Teresa Michel (de quem era diretor espiritual) e do apoio de Dom Silvério Gomes Pimenta, Arcebispo de Mariana, concretizando, assim, o sonho de Dom Orione de fazer com que a sua pequenina obra chegasse às Américas. 

Já em 1905, Dom Orione escrevia à Madre Michel: “Estou disposto a ir eu mesmo ao Brasil, quando fosse necessário e para a glória de Deus. Não sei a língua, não sei nada, mas a caridade fala uma só língua e todas as línguas”

Os desígnios de Deus permitiram que o Pai dos Pobres também pudesse estar no Brasil. No dia 20 de agosto de 1921 ele desembarca no Rio de Janeiro, onde foi recebido pelo Pe. Carlo Dondero e pelos demais missionários. Logo, partem para Mar de Espanha, cidade que já contava com o apostolado das Pequenas Irmãs da Divina Providência da Madre Michel e dos primeiros missionários orionitas. 

Dom Orione permaneceu naquela cidade até o dia 18 de junho de 1922 e desde o dia em que lá chegou não poupou esforços para o serviço de evangelização, dispensando os sacramentos, visitando a cavalo até mesmo as comunidades mais distantes. Por diversas vezes, em suas cartas, demonstrou a sua estima e amor por aquela pequenina cidade que contava apenas com cerca de 2.500 habitantes. 

Para a família orionita, voltar a Mar de Espanha, após 100 anos da primeira visita de São Luís Orione, significa ir às fontes mais puras de sua história. Ou, como disse o então Provincial, Pe. Tarcísio Vieira, no ano de 2014 durante as comemorações dos 100 anos da chegada dos primeiros missionários: “Em Jerusalém todos nasceram. Em Tortona nasceram todos os orionita. Em Mar de Espanha nasceram todos os orionitas brasileiros; lá tomou forma embrionária o sonho de São Luís Orione […]. 

Os quatro dias de festa se passaram no galpão da construção da futura capela dedicada a São Luís Orione e à Beata Madre Michel. A comunidade paroquial preparou tudo com muito carinho e esmero. Esperavam caravanas com boa participação dos movimentos laicais oriundos das várias regiões do Brasil, mas infelizmente, com as medidas de contenção ao avanço da COVID, não puderam estar presentes. 

Os dias do tríduo (26, 27 e 28 de agosto) contaram com boa participação dos fiéis. Foi também durante esses dias que se inaugurou a pequena capela de São Luís Orione no Horto – no mesmo lugar que outrora sediou o Instituto São Geraldo (primeira obra orionita no Brasil). 

O ponto mais alto das comemorações foi a Santa Missa celebrada no dia 29 de agosto, às 10h da manhã, pelo Arcebispo de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira e concelebrada pelo Diretor Provincial, Pe. Josumar dos Santos e demais sacerdotes presentes. Merece destaque a presença das irmãs michelinas Helen, Amanda e também da noviça Jéssica, representando toda a congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência. 

O presidente da celebração iniciou a sua homilia citando as palavras da segunda leitura daquele domingo: “a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,27). 

Continuou o Arcebispo: Dom Orione e Madre Michel entenderam bem essa palavra […] e souberam encarnar em si aquilo que Deus espera de todo cristão: o amor às crianças, especialmente as que precisam de mais cuidado, dos doentes, dos sofredores e dos pobres. Esse é o caminho da verdadeira religião. E por isso, ao celebrar a visita de Dom Orione às nossas terras, que ficaram abençoadas pelos seus passos, queremos recordar que devemos procurar a viver essa religião que eles praticaram muito mais com a vida do que com a palavra. […] O verdadeiro missionário é aquele que ensina com a vida e não com palavras; essa é a verdadeira religião. 

Sobre a vida de Dom Orone, Dom Gil frisou que ele era “um padre totalmente dedicado ao seu sacerdócio. Um homem de oração profunda, que já se ordenou pensando no outro a partir do amor a Deus que o atraiu para o sacerdócio”. Continuou o presidente da celebração: “Sei que Dom Orione era um homem dedicado aos pequeninos e que tinha um grande desejo de colocar o seu sacerdócio em favor dos menores”. 

Em relação à passagem de Dom Orione por Mar de Espanha, o Arcebispo de Juiz de Fora recordou que ele “esteve aqui seis meses, portanto não foi uma visita, foi uma permanência […] uma missão da verdadeira religião, que não é de coisas externas, mas é de coisas do coração, a educação das crianças e jovens, a atenção aos pobres”. Ele lembrou que Dom Orione andava a cavalo pela vasta região daquela paróquia “batizando, celebrando, dando o seu testemunho da verdadeira religião que é cuidar dos pequenos por causa do amor de Deus”.

No final da celebração, o Sr. Josemar – um dos coordenadores da comunidade São Luís Orione – contou a história do surgimento da comunidade “seguindo o fio da memória”. Explicou que a comunidade surgiu no início dos anos 2000, com a oração do terço e das celebrações que eram feitas nas varandas das casas e que o sonho de ver erguida uma capela em honra a São Luís Orione, aos poucos vem se tornando realidade e que  “a obra vem sendo construída em regime de mutirão, pelo trabalho voluntário dos moradores do bairro e através de recursos arrecadados pelas doações de amigos e fiéis devotos de vários lugares e pela realização de almoços, quermesse e  venda de souvenirs.

O Pároco, Pe. Anderson, presenteou o arcebispo e o diretor provincial com mudas que foram semeadas no Horto (local onde Dom Orione exerceu um pouco do seu apostolado) e na Santa Casa de Misericórdia (plantadas com o suor das irmãs). “com a marca da raiz desse chão que foi pisado por dois santos”. 

O Diretor Provincial, Pe. Josumar dos Santos recordou as cartas escritas por Dom Orione aos seus religiosos, no período em que ele estava em Mar de Espanha, nas quais ele exaltava a beleza daquela pequena cidade, dos desafios missionários encontrados e assegurando que sempre rezaria pela prosperidade daquele povo. Recordou o Pe. Provincial que mais de uma vez, o Apóstolo da Caridade “expressou o seu carinho pela cidade e pelo povo: ‘Deus te abençoe e abençoe a todos, todos, todos, desta nossa primeira casa e, desta, a mim tão querida cidade. Eu rezarei sempre por Mar de Espanha…” – ele destacou. 

Antes da Bênção final, com a palavra o Pe. José Carlos de Rezende, Ecônomo Provincial, anunciou que a família orionita arrecadou o valor de 182 mil reais, através do Dia Missionário Orionino, com a finalidade de colaborar com o sonho de ver construída a capela em honra a São Luís Orione e a Madre Michel. Uma campanha que contou com a colaboração de “muitas pessoas que pensaram em Mar de Espanha, que pensaram em São Luís Orione aqui em Mar de Espanha e contribuiu, com um pouquinho, com muito, com aquilo que podia contribuir e que se somaram à promessa feita pelo Superior Geral (Pe. Tarcísio) de ajudar nesse dia missionário”. 

Deus seja louvado pelas abundantes bênçãos que, a partir de Mar de Espanha, se espalharam por todo o Brasil, ao longo deste centenário. E que as sementes arduamente lançadas por Dom Orione, possam florescer em nossas vidas, traduzidas em mil gestos de amor.

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