A – DEUS

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A CRÔNICA DA DESPEDIDA

foto - crônica - adeus - 03 fev  17 (1) ajus

 

Tristeza é dizer adeus. Tristeza louvável. Tão triste dizer adeus ao nosso adorável Zé Luiz Zanon, que passou entre nós semeando ternura. Tristeza partir de Rio Claro, depois de tantos anos. Um pouco triste também é deixar as crônicas. Tristeza é coisa boa; é o maior testemunho de que foi tudo maravilhoso. Maravilhoso viver nesta cidade azul da cor da beleza celestial, com amigos mil e milhões de bons momentos. Tristeza ver o sorriso se apagar, na neblina do adeus.  Escrevemos com  alegria. Com total liberdade, num jornal profético, sério, corajoso e de grandes conteúdos. Com uma equipe incrível.

Vamos recordar com nostalgia.  Imagine  um trem apitando, lançando-se nos trilhos.  E o lenço branco do adeus. E todos pensavam na tristeza dos viajantes. E então o Zé Carlos da Renata respirando fundo, como um lamento:

– Vocês lamentam a dor dos que estão partindo. Sei que sofrem a tristeza do adeus. Dor de sentimentos amorosos. Mas se esquecem da grande dor daqueles que ficam na estação.

– Partiram e estão tristes porque nos deixaram e nós estamos mais tristes porque ficamos sem eles. É sempre angustiante a despedida. Os dois lados choram.

– Dor grande é dor silenciosa.

Lembramo-nos, no suspiro do adeus, a fonte das lágrimas e da tristeza.

Foram nove anos, coração aberto, sonhos e lutas compartilhados. Nos tornamos cidadãos rio-clarenses, coração azul. Vivemos os dramas do povo, dos pobres e de todos cidadãos. Parceria total, alegrias e tristezas; na política, religião, cultura e na comunicação. Sonhamos um mundo mais justo; que a Cidade Azul não tivesse temporais ou trevas para atrapalhar sua beleza. Que povo grandioso, este povo rio-clarense.

Uma ladainha imensa de nomes. Não somente fiéis, mas amigos que selaram nosso coração. Procuramos abraçar os humildes, os fiéis e os homens de boa vontade.

Dizem que o cristão covarde maltrata os humildes e se encurva diante dos poderosos. O verdadeiro sacerdote deve “ser humilde com os simples, lavar seus pés e afrontar os prepotentes”. 

Jamais  esqueceremos  as exposições, os jubileus, os aniversários, os lançamentos de livros, as comemorações, os filmes, as lutas pela saúde, pela educação e pela segurança, o terço no Horto, os passeios no rio com a garotada, as pinturas, os vitrais, as aulas, a grande festa italiana.

Nas dezenas e dezenas de crônicas tocamos pequenas histórias, buscando grandes reflexões. E o “team” Jornal Cidade nos tratou com esmero e grandiosidade.

Se refletimos alguma vez que cada ser humano transcorre a vida escrevendo seu epitáfio, pelo qual será recordado, mais verdade ainda é que os amigos passam seus dias escrevendo o epitáfio deles em nosso coração. Assim, suas memórias, queridos amigos, estão inscritas com marca indelével em nós. Para sempre.

Prometemos não inscrever nomes. Precisaria todas as folhas do jornal e ainda lamentaríamos ter esquecido muitas pessoas. Mas não tem jeito, é preciso homenagear nossos queridos Sílvia e Lincoln Magalhães por este espaço maravilhoso de evangelização. Mais que admiradores, nos tornamos amigos.  

Entendem porque a neblina da tristeza? Porque admiramos o povo desta cidade, veneramos o Zé Luís e despejamos nas crônicas nossas almas. Partimos, mas ficamos nas memórias e levamos memórias. Enfim, partir, c´est mourir um peu. E a gente se deixa um pouco em todo lugar.

 
 
 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia

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