13 jan A herança de um carisma na ótica feminina
A Herança de um Carisma na Ótica Feminina refere-se à história das “Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade”. A terminologia “Ótica feminina” é inclusiva da globalidade dos ramos que constituem a “planta única”, “Pequena Obra da Divina Providência”, fundada por São Luís Orione e extensiva à inclusão de gênero, de grupo, de corpo, de famílias religiosas e, até mesmo de carisma. Todos esses componentes integram-se, na reciprocidade de dons, pois cada parte se completa em vista da totalidade, na corresponsabilidade de cada uma das partes que lhe é complementar. Cresce, desenvolve-se no que lhe é específico à medida que sabe acolher o diferente e associar-se à diversidade que lhe é integrante.
Recordamos as pioneiras de nossa família religiosa que procuraram assimilar, paulatinamente, o carisma recebido: A marquesa Josefina Valdettaro, Madre Maria Paciência, Ir. Maria da Cruz e suas companheiras da primeira hora; elas foram fiéis na transmissão às novas gerações. Hoje continuamos, neste momento particular de uma Vida religiosa em atitude de atenção e de busca de um ‘novo estilo’. É preciso assinalar como determinados traços que caracterizaram a missão no passado hoje são repensados na tentativa de ressignificar a vida, mediante a compreensão do modelo existente na SS. Trindade, a comunhão por excelência entre as divinas pessoas; além disso, no jeito cristão de radicalizar o nosso Batismo, assumindo as três dimensões da ação de Jesus: profética, sacerdotal e realeza.
A figura do fundador é rica e digna de ser contemplada! Sua vida numa família exemplar, trabalhadora, honesta, rica de comprovada vivência cristã; seu itinerário de formação no sacrifício e labutas cotidianas para crescer na fé, na esperança, na caridade, na confiança na Divina Providência, no processo de identificação com Cristo e com os vulneráveis, na inserção na Igreja, na devoção à Maria Santíssima, nossa Mãe e celeste fundadora; são todos indicadores de sua “Paixão por Cristo e pela humanidade”.
Merece destaque sua caridade apostólica, cuja prioridade se identifica com a mesma opção de Cristo pelos pobres mais pobres, os excluídos dos sistemas sociais, sem cidadania, sem vez e sem voz para defender os próprios direitos e promover a dignidade humana à “imagem e semelhança de Deus”.
A história de nossa fundação tem como marco histórico o dia 29 de junho de 1915, unida à abertura da primeira obra apostólica, no dia seguinte em Ameno, para ajudar as pessoas idosas na fase de fragilidade da vida, numa casa doada pela benfeitora Tereza Agazzini.
A aprovação do Instituto sobreveio aos 30 de março de 1965, pelo Papa Paulo VI; está, intrinsecamente, vinculada à realização dos diversos capítulos gerais acontecidos ao longo de sua expansão histórica. Começou no primeiro capítulo em 1942, cuja realização foi aprovada pelo Papa Pio XII, a pedido do Visitador apostólico, Emanuel Caronti, abade beneditino, pois não tínhamos ainda a aprovação do Instituto e das Constituições.
O processo de elaboração das Constituições teve como ponto de partida o autógrafo do Fundador, no qual estão escritos os aspectos específicos da Consagração religiosa, segundo o carisma orionita e se conecta aos diferentes capítulos gerais do Instituto e aos trabalhos pós- capitulares, coordenados pelos Conselhos gerais dos distintos períodos de governo.
Em seguida à aprovação definitiva do Instituto adveio a abertura para uma forma de governo participativa, mediante a divisão em Províncias religiosas. Atualmente encontramo- nos distribuídas em cinco províncias localizadas em diversos ângulos do mundo: Itália, Polônia, Argentina, Brasil e Chile; uma delegação em Madagascar e uma vice-delegação no Quênia,
além de alguns Países, cuja missão está sob a direção direta do Conselho geral: Costa do
Marfim, Togo e Filipinas e outros na dependência de algumas províncias.
O carisma destaca o ser religioso, a caridade apostólica, qualificada pelo quarto voto de Caridade, qual estilo de vida necessário para caracterizar a diaconia da caridade específica de nosso Instituto no seio da Igreja Mãe e, ainda, nosso caráter de unicidade como PIMC. É o carisma que nos torna diferentes de outros institutos religiosos ou mesmo da prática universal do preceito cristão requerido a todos os batizados. É a caridade que tem por objeto a pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus, que vive no Pai e no Espírito Santo, no qual amamos e servimos os vulneráveis, seus prediletos, mediante uma gama de expressões do amor: solidariedade, educação, evangelização e catequese, promoção humana, compromisso social e político, voluntariado, etc.
O carisma da caridade é para responder aos clamores das realidades sociais, na defesa da causa dos empobrecidos, dos excluídos, ou seja, aqueles que não são acolhidos, nem ouvidos em nossa sociedade. É respeitável para facilitar a ação apostólica da inclusão dos pobres de todos os tempos e lugares, a fim de “Instaurar tudo em Cristo” e fazer com que Ele seja o coração do mundo e da humanidade.
Nossa espiritualidade encontra-se estampada na confiança incomensurável na Divina Providência, refletida nos ícones de Jesus Crucificado, da Santíssima Eucaristia e do Coração de Jesus. Fomos fundadas e consagradas ao seu Divino Coração.
Maria é a mãe e a Celeste fundadora do Instituto, conforme São Luís Orione, habitualmente, afirmava: “A nossa pequena Congregação da Divina Providência foi assistida, desde o primeiro dia, do primeiro menino, dos primeiros jovens; eles foram conduzidos diante da imagem de Nossa Senhora, lá na Catedral de Tortona, e foram confiados à Santa Mãe do Senhor […]. Posso dizer-lhes que, antes mesmo, quando estava apenas no desejo de fazer algo aos meninos de Tortona, eles já tinham sido oferecidos a Nossa Senhora, como faz a mãe cristã, que com fé diligente, oferece o filho antes de nascer à Mãe Santíssima […]” 1. Ela foi e será sempre a “bússola e sustentáculo de nosso instituto”.
A missionariedade é componente importante de nossa ação como cristãs e como religiosas orionitas. Desde os primeiros anos da fundação São Luís Orione enviou suas filhas para além-mar, da Itália. Esse espírito continua animando as irmãs para irem a terras distantes levar o tesouro preciso que carregam em si e ao mesmo tempo propiciar a continuidade da dilatação missionária. Encontramo-nos atualmente em dezesseis países: Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai, Peru; Itália, Polônia, Romênia, Ucrânia; Cabo Verde, Quênia, Costa do Marfim, Togo, Madagascar e Filipinas.
O nosso nome, PEQUENAS IRMÃS MISSIONÁRIAS DA CARIDADE, reúne, intrinsecamente, a nossa origem, identidade, vocação, espiritualidade, missão apostólica, e programa de vida. É por isso que São Luís Orione, teve diversas inspirações e fez diversos ensaios sobre o nosso verdadeiro nome até chegar àquele com o qual fomos oficializadas. Esse nome nos qualifica como orionitas, nome popular que tem sua origem no nome do Fundador e nos identifica como filhas de São Luís Orione.
Nosso Instituto professa o quarto voto de Caridade, o qual tem uma característica muito importante na vida religiosa, pois está fortemente vinculado ao espírito oriundo do Instituto, como especificidade da família religiosa feminina e faz acontecer a beleza da diversidade, semelhante ao que acontece para outros institutos que também fazem o quarto voto: de humildade para os Barnabitas e Carmelitas Descalços; de perseverança para os
1 DOLM, I. Don Orione nella luce di Maria, Madre di Dio, p. 4 s.
Redentoristas, Palotinos e Irmãos das Escolas Cristãs; de não aspirar a cargos eclesiais para os religiosos de São Francisco Caracciolo; de obediência ao Papa para os Jesuítas, Rosminianos e Filhos da Divina Providência (Orionitas).
O voto de Caridade nos identifica de outros institutos: “Existem os religiosos beneditinos que têm o próprio escopo; os franciscanos que têm a própria meta; os dominicanos que têm a própria finalidade; os jesuítas que têm um fim todo particular. Também nós temos um fim totalmente nosso, […] uma natureza, uma nota para diferenciar-nos de todas as outras congregações” 2.
“Nós temos por escopo os trapos, os miseráveis. Vocês não são feitas para tocar o harmônio por profissão; tocarão para ajudar nas funções religiosas. Não são para educar as princesas; são para curar os pobres de Jesus Cristo, inebriadas deste espírito para cuidar dos pobres doentes, aqueles que não são recebidos em outros lugares: as mulheres, os idosos infelizes, as crianças. Esta é a finalidade de vocês: fazer tudo aquilo que é humilde na caridade do Senhor” 3.
A razão do Voto de Caridade, encontramo-la no primeiro capítulo das Constituições, autógrafo do Fundador de 1935 e inserido nas Constituições, pela primeira vez, na redação de
1989, em seu artigo segundo e terceiro, respectivamente; neles estão explicitados a identidade e o espírito de nosso Instituto: “O fim primário e geral do Instituto é a santificação das próprias religiosas, mediante os Votos de Pobreza, Castidade, Obediência e Caridade e destas Constituições”. O espírito do Fundador “é o exercício da caridade para com o próximo, sobretudo consagrar a vida para levar ao conhecimento e ao amor de Jesus Cristo, de seu Vigário, «o doce Cristo na terra», o Romano Pontífice e da Santa Igreja, as crianças do povo e os pobres mais distantes de Deus ou mais abandonados, mediante o ensino da doutrina cristã e a prática das obras evangélicas de misericórdia”.
Em comunhão com toda a vida consagrada espalhada no mundo, ousamos afirmar: não temos apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir! Olhar o futuro, para o qual nos projeta o Espírito a fim de realizar convosco ainda grandes coisas 4.
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