Também tu, como nós, és chamado

Também tu, como nós, és chamado

O convite a Natanael, ao qual acenamos na página precedente,
se repete a cada ser humano. Todos, de fato, têm uma vocação e é interpelado a
vivê-la concordemente com Aquele que chama. Aqui, este convite é referido
especificamente à
 vida religiosa orionita, isto é, à consagração
de si mesmo à Deus de um modo bastante preciso, o mesmo de São Luís Orione. Por
ora, lembremos a vocação de cada cristão, entre os quais tu te encontras. Cada
pessoa, do momento que é batizada –lembra-nos São Paulo– é chamada à santidade;
batizado algum é excluído deste chamado.

Diz, de fato, o Apóstolo decisivamente: ''é esta
a vontade de Deus: a vossa santificação'' (1Ts 4,3).
 Santificação! Palavra assombrosa –e, hoje, inusual– que evitamos
porque nos assusta, se pensamos nela como convém. Para dizê-lo com
 palavras mais simples e compreensíveis, Deus
quer que cada um de nós realize o progeto que ele prepara para cada 
um de nós, para esta vida e para a eterna.

Diversas, porém, são as vias para se chegar a
esta meta. Estas vias são as várias vocações que Deus dissemina em sua Igreja,
porque cada um tem um dom de Deus, quem um, quem outro (cf. 1Cor 12,4-11). A
maior parte segue a estrada do matrimônio e da família. Dentre as tantas
estradas que há, porém, merece particular atenção, exatamente porque para a
maioria parece impercorrível, a que tem suas origens nos exemplos e
ensinamentos de Cristo e dos Apóstolos e que se fundamenta na observação dos
três conselhos evangélicos de obediência, pobreza, castidade. Já consagrados a
Deus pelo batismo, aqueles que, inspirados pela graça divina, escolhem esta
via, porque chamados a percorrê-la, reforçam de modo particular sua consagração
batismal e se propõem a seguir o Senhor com maior liberdade e imitá-lo mais de
perto, colocando sua existência a serviço de Cristo e dos irmãos.

Usamos o termo liberdade, que poderia soar estranho, sobretudo hoje, aplicado
à vida dos religiosos. Como se pode falar de liberdade quando se tem os
vínculos da
 pobreza (para
nós, Orionitas, não dispor, pessoalmente, de bem algum, nem mesmo dos frutos do
próprio trabalho), da
 castidade (renúncia não só a satisfações ilícitas, mas também à legítima alegria de uma família própria) e, sobretudo, da obediência (colocar a vontade pessoal nas mãos de outra pessoa)?
Desse ponto de vista, não seria ridículo falar de liberdade? O discurso seria
longo. Existe, porém, uma resposta breve a estes interrogativos. Uma resposta
tomada das próprias palavras de Jesus Cristo: ''a verdade vos libertará'' (Jo
8,32). É livre, verdadeiramente livre, quem vive na verdade de si mesmo e, conseqüentemente,
de Deus e dos outros. Mas a verdade é ele, o Cristo, o pleno sentido de cada
existência, e quem vive nele e por ele é o mais livre dos homens; ainda que se
encontre em uma casa religiosa.

Mas é preciso experimentar isso para que se
possa crer nesta verdade e aceitá-la. E, paradoxalmente, só é possível
experimentá-la se se crê nela.

Animados por estas profundas convicções e
movidos pela força interior que vem do Espírito Santo, muitos homens e mulheres
ao longo dos séculos fundaram famílias religiosas, que a Igreja acolheu e
aprovou como vias seguras e autênticas para se chegar à santidade. Assim, o
desígnio de Deus, a santa fantasia e a coragem dos homens e as exigências dos
tempos fizeram, sim, que se desenvolvesse na Igreja uma grande variedade de famílias
religiosas, cada uma com características próprias, mas todas igualmente
empenhadas em promover a comunhão humana e a edificação da comunidade dos
crentes

em Cristo, isto é, a Igreja. Se já pensaste ou
pensas em consagrar-te a Deus em alguma família religiosa e, assim, contribuir
na edificação da Igreja, te indicamos, a seguir, brevemente, alguns passos
pelos quais deves passar. Não se trata de uma indicação teórica, pensada em
gabinete. Não. Nós, como orionitas, isto é, a partir das orientações dadas por
Nosso
 Santo Pai Luís Orione, e por ele mesmo
trilhadas, as experimentamos em nossas vidas e te atestamos que funcionam.