A MÃE DE DEUS, NOSSA CONSAGRAÇÃO
Num gesto de grande inspiração, o jovem sacerdote, Luís Orione, unindo suas preocupações com o crescimento e as dificuldades da nascente família religiosa dos Filhos e Filhas da Divina Providência, acreditou que, para proteger esta família de todos e tantos infortúnios, e sobretudo para engrandece-la diante de Deus e da Igreja, decidiu consagrar seus “filhos e filhas espirituais” à Mãe de Deus. Foi assim que ele proclamou: “No Santíssimo Nome de Deus Todo-Poderoso, Trindade única, Pai, Filho e Espírito Santo, e da Imaculada Santíssima e sempre Virgem Maria, a grande Mãe de Deus! (Scritti 52,4).
O evento foi um gesto inesquecível e de grande inspiração: no dia 30 de julho de 1924, nosso Santo anunciou a “Mater Dei” como o título próprio de Nossa Senhora para a Pequena Obra. Suas palavras ressoam em nossos corações e em nossas consciências: “Nossa Congregação quer ser e é toda de Maria… Depois de tantos anos de oração, cheguei à decisão de venerar Nossa Senhora em nossas casas com o título de Mãe de Deus!”. (Scritti 56,215-221). E nosso Fundador segue com seu desejo espiritual: “Peço-vos encarecidamente que a difundais o mais amplamente possível, a fim de aumentar a devoção e o amor a Nossa Senhora em toda a parte, segundo o espírito que sabeis ser próprio da Congregação.” (15/08/1929).
MÃE DE DEUS, QUEM É ESTA MULHER DO MAGNIFICAT?
Bem professamos que o centro absoluto do ano litúrgico é o mistério pascal de Cristo, porém é inegável a presença de Maria, nas celebrações litúrgicas. Se a liturgia proclama a ação de Deus na história, por meio de Jesus Cristo que une por seu sacerdócio a humanidade a Deus, Maria é venerada como a mulher que participa desta missão. Maria se insere no conjunto de todas as celebrações do mistério cristão, pois está unida a Cristo e serve aos seus desígnios de maneira integral. Todas as celebrações marianas evidenciam o mistério pascal de Cristo e manifestam a ação de Deus na humanidade, tendo Maria de Nazaré como modelo. Ela está unida a Deus, mas é companheira de todos os filhos de Deus no seguimento de Jesus Cristo. Cristo, no mistério da Trindade, é o centro da celebração litúrgica. Maria se une a este mistério, participando e servindo aos planos de Deus na história humana.
MARIA, MÃE DE DEUS, MULHER DA IGREJA
A proclamação do dogma da Theotokos (Mater Dei) foi em Éfeso. Esta cidade era muito importante no Império Romano e nos tempos do Concílio. Tinha muitos monumentos, templos e uma importante biblioteca, que revelava seu fulgor cultural. Bem verdade, que na cidade, nos tempos do paganismo grego, havia o culto à deusa-mãe, Ártemis, a deusa da fecundidade. Segundo os historiadores antigos, o povo esperava a decisão do Concílio.cujas querelas se estendiam por várias décadas. Assim, quando souberam da proclamação do dogma da Mãe de Deus, houve grande júbilo e procissões, assim como haviam grandes aclamações nos tempos de Paulo, no início do Cristianismo (At 19, 24-35). O dogma de Éfeso é um dogma cristológico, uma vez que toca diretamente a identidade de Jesus Cristo: uma pessoa indivisível e duas naturezas. A declaração da Maternidade divina de Maria, a Theotokos, é decorrência desta unidade do Verbo divino que se encarnou no ventre de Maria.
Este ensinamento nos permite unificar a revelação, inserindo a presença divina na realidade histórica, na vida dos povos. Deus mesmo se encarnou, pelo seu Filho, unindo as esferas divinas e humanas, para que o mundo fosse para sempre o Reino de Deus e todos os seres humanos se unam a Deus. Em seu ventre plenamente humano, o Filho de Deus encontra habitação. Unidas as duas naturezas, numa única pessoa, reconhecemos que Maria é sua mãe. Maria é mãe deste filho de Deus que se encarnou. Assim rezamos para sempre: Santa Maria, Mãe de Deus.
NAS CONTAS DO ROSÁRIO,
PARA ENGRANDECER A MÃE DE DEUS
Nas contas do rosário,
relembrando na memória o rosto de meus amigos,
rezei serenas preces a Maria, como um álbum de alegria.
Nas contas do rosário,
recordando a voz de nossas catequistas,
meditei contente a minha devoção, como um poema de santificação.
Nas contas do rosário,
revivendo a ladainha de meus falecidos,
palpitei no coração seus serenos vultos, como uma prece que eleva o culto.
Nas contas do rosário,
partilhando as lutas com minha comunidade,
professei meus mistérios de cristão, como um exército de evangelização.
Nas contas do rosário,
recriando as promessas dos religiosos e sacerdotes,
meditei no espírito a história divina, como um cortejo de vidas em oblação.
Nas contas do rosário,
seguindo a partilha dos pais,
recitei em vozes a oração dos cristãos, como convidados para a partilha do pão.
Nas contas do rosário,
contemplei o olhar da minha mãe,
fecundando os encantos da minha salvação, como a sinfonia de uma bela canção.
Segue nosso Santo: “Avante em nome de Maria, invocada sob o título de Mater Dei! Caminhemos com Nossa Senhora, caminhemos na sua luz imaculada e seguiremos o caminho que nos foi traçado pela Providência!”
Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen,
Família carismática orionita
Autores de Nos passos de Maria. Paulinas/SP