Memórias de Mim

MEMÓRIAS DE MIM

A CIDADANIA DE TODOS NÓS

Cada um procurava falar, com muita alegria e emoção, sobre a história do Padre Brás, nosso bom amigo. Uma grande satisfação pairava no ar, pois a cidadania rio-clarense deste nosso adorável amigo fora o coroamento de sua atividade em nossa cidade. Foi um presente da Maria do Carmo Guilherme para alegrar o Pe. Brás. Nem sei se alegrou muito o Pe. Brás, mas com certeza alegrou muito todos os seus amigos. E são tantos, tantíssimos.

Recordo quando cheguei em Rio Claro. Em todo lugar que íamos, sempre alguém dizia:

“O Padre Brás, da TVClaret, quer falar com vocês”.

– Mas, quem é este padre?

– “Ele é claretiano”, diziam uns, “Trabalha na Televisão e na Rádio Claretiana”, diziam outros. “Foi um grande missionário”, diziam ainda. E outros diziam: “é um professor”. “Foi um missionário na África e no Brasil profundo”. “Um padre que celebra com grande entusiasmo”. “Coordenador das Equipes de Nossa Senhora”. “Animador vocacional da sua congregação”.

As informações eram tantas. Como tínhamos grande experiência com comunicação, televisão e atividades artísticas, o Pe. Brás queria nos encontrar. Mas na verdade, éramos nós que o procurávamos. Mas o Pe. Brás parecia um “unicórnio”. Todos  falavam, mas não o víamos.

Um dia, não demorou muito, nos encontramos. Engraçado que todos nos falavam o que fazia o nosso padrecito, mas ninguém tocava sua essência humana, a leveza espiritual que habitava sua alma, a ternura do toque de seu olhar tímido e amoroso.

Foi este ser humano adorável que tornou-se formalmente “cidadão rio-clarense”. Formalmente, pois uma vez que vive entre nós, visita nossos doentes, divulga nossas belezas, celebra para nossos fiéis mais humildes, luta por educação na Faculdade Claretiana  e luta por nossos pobres, é, desde que chegou entre nós, é um cidadão.

Vem conosco uma reflexão profunda. Que coisas contaremos nas rodas de amigos sobre o Padre Brás? Afinal, ficará de nós as marcas que imprimirmos nos corações daqueles que cruzarem nossos caminhos.

Essa pergunta  devemos fazer a nós mesmos a cada instante de nossa vida. Quando conquisto um diploma, que farei com ele? Quando assumo um cargo na sociedade, na Igreja ou  no bairro,  que farei com esta “matéria prima”  que me foi entregue com tanta confiança?

Quando elegemos um prefeito, vereador, presidente, depositamos em suas mãos nossa confiança. Que será que farão com este nosso voto de confiança? Será que se arrependerão de nos terem convidado? Pense nos “juízes” que foram convocados para defender a justiça. Que diremos deles e o que eles mesmos dirão de si mesmos? Que defenderam a justiça ou venderam seus juízos aos poderes da injustiça. Afinal, é triste sermos chicoteados por rebenques. Triste mesmo é sermos chicoteados por ramos floridos. Do chicote já esperamos as dores, mas dos ramos floridos, esperávamos a doçura da bondade.

-“Vejam, meus filhos, este foi um grande cidadão, fez um hospital, defendeu a justiça, ainda hoje continua pobre”.

Ou

-“Vejam, meus filhos, este foi meu amigo, hoje é super rico. Tem um monte de propriedades escondidas em outros nomes. Governou para si mesmo”.

Que lembranças ficarão de nossa passagem por este mundo. Que memórias ficarão de  mim? Nunca deixe de fazer esta pergunta; ela vai ser uma luz espiritual na sua trajetória.

Pensamos ainda no Pe. Brás. Que memórias ficarão de sua presença em nossa caminhada? Quando recebeu em suas mãos uma grande inteligência, o ministério sacerdotal, a administração de empresas e habilidade no falar, reconheceu que “todos estes bens eram graças divinas” e deveria frutificar e promover o bem ao seu redor. 

De uma coisa temos certeza, o padre Brás é uma pessoa especial, iluminada por Deus, um daqueles anjos que voam por aí fazendo o bem. Daqui há um século estarão falando que um padre chamado Brás, um anjo, passou pela cidade de Rio Claro e deixou mensagens e imagens maravilhosas. Estas são as nossas recordações deste bom amigo, ternura encarnada. 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita) , doutor em filosofia e teologia

Prof. João H. Hansen, doutor em ciências da religião