19 ago A experiência curativa do amor de Deus
“A Experiência Curativa do Amor de
Deus”
Quando falamos de experiência
curativa do amor de Deus nos remetemos há uma relação intíma com o Absoluto, o Sagrado, ou seja, uma relação
pessoal com o criador, onde contemplamos o seu Ser e seu agir em cada ser
humano. Toda e qualquer experiência nos
deixa marcas sejam elas positivas ou negativas, quando sabemos purificá-las,
compreendê-las, e trabalhá-las torna-se experiências transformadoras,
curativas, renovadoras que acaba nos levando a uma compreensão maior acerca da
dimensão humana.
E tendo como base a Palestra “A Espiritualidade no mundo contemporâneo”
do Monge Anselm Grun quando ele esteve no Brasil no ano de 2006, quando
explanava sobre o valor e a importância de uma espiritualidade encarnada,
vivenciada, testemunhada dentro do contexto onde hoje estamos inseridos, pois
para ele uma verdadeira experiência, profunda, fundamentada no amor, fruto de
um encontro livre com um Deus que é amor, misericórdia, compreensivo e que veio
até nós e fez entre nós sua morada nos ajuda a curar tantos traumas que muitas
vezes nos impedem de sermos verdadeiramente felizes e ao mesmo tempo fazer ou
ajudar outras pessoas a serem felizes.
Pois quando temos plena consciência e
sabemos reconhecer quem é Deus, o que ele
quer e espera de nós e como poderemos nos tornarmos portadores de sua
mensagem e ao mesmo tempo construirmos
uma relação, uma intimidade, uma espiritualidade baseada na proximidade com o
outro, na liberdade, no amor, na entrega
serena e confiante, e com isso sem desprezar o meu ethos, meus sentimentos,
minhas fraquezas e dores, minhas emoções, minha sexualidade e afetividade, ou
seja, o meu ser enquanto pessoa, com todas as suas dimensões, as quais me
compõem.
Quando almejamos fazer uma experiência
curativa, renovadora, transformadora
do amor de Deus e me coloco nesse peregrinar devo levar comigo a minha gênese, quem eu sou e tudo o que eu
tenho, sem medo e sem resistências, pois estou indo ao encontro Daquele que me
fez e me amou por primeiro.
Uma experiência curativa do amor de Deus nos permite curar tantos medos e
sentimentos de culpabilidade, momentos de cólera, lembranças amargas que muitas
vezes nos afastam de um encontro afetuoso e amoroso com o Deus da vida, da
alegria, da ternura, da compaixão que esta sempre de coração aberto para nos
compreender e acolher. Ao olharmos a vida de Jesus e recordarmos alguns
momentos de raiva, que Ele viveu na sua relação com os fariseus, com os
poderosos de sua época, e ao mesmo tempo o seu olhar sereno, sua paciência e
seu apelo para que eles mudassem de atitudes, em nosso dia a dia passamos por
situações às vezes semelhantes ou até mais doloridas, mas quando temos uma
relação franca, intima, libertadora com o Deus que mora nós e que caminha com
nós, saibamos enfrentar as tempestades pelas quais passamos e que muitas vezes
nos servem de exemplos restauradores que nos curam e nos faz nascer de novo,
dar um novo sentido a dinâmica da vida.
Os monges têm muito a nos ensinar
nesta terapia curativa do amor de Deus, de como criarmos uma relação de
intimidade com Ele e ao mesmo tempo como encontrar com o Outro que não sou eu,
mas que é alguém que reside na mesma totalidade e que possui em si a presença e
imagem de Deus. Ao falarmos de uma espiritualidade cristã e do desejo de uma
experiência curativa do amor de Deus, não podemos esquecer que tal experiência requer conhecimento, contato, relação,
diálogo, vivência dos sinais, ou seja dos toques de Deus que acabam sendo
gotas do amor que nos ajuda na nossa dimensão espiritual.
Diante do mundo globalizado onde vivemos, agitado, marcado por ideologias que
desprezam o Sagrado, onde muitas pessoas caminham sem rumo, e as vezes nem sabe
o sentido do porque viver, não tendo referência nenhuma acerca do que é
transcendental, mergulhadas num vazio existencial e que ao mesmo tempo não sabe
dar respostas aos problemas que se apresentam, é preciso que nós também
enquanto cristãos saibamos globalizar uma mística que nos protege e liberta e a
cultivar um silêncio diante do Sagrado que a nós se revela, e como portadores
da mensagem cristã precisamos renovar, humanizar o contexto econômico,
político, religioso e social.
Precisamos ser cultivadores de uma
espiritualidade que deve dar forma e per forma ao mundo, não uma espiritualidade
narcisista, mas algo de que forma ao mundo onde vivemos. Portanto cada ser humano traz dentro de si um tesouro de
riquezas a serem conhecidas, amadas e trabalhadas e ao mesmo é uma
sacralidade morada de um Deus que se fez humano por isso somos um espaço
imaculado pela graça redentora, e por isso a quando falamos e fazemos uma
experiência do amor de Deus que cura, nós devemos deixar no mundo uma pegada de
luz, paz, esperança e semear sementes que sejam capazes de brotar e produzir
pequenos gestos como sinais do amor de Deus, que se encolhe para que existam as
criaturas sadias, felizes e amáveis, eis o nosso desafio.
cl. Osvaldir Ribeiro, FDP
Estudante de Teologia e Formador do
Núcleo Vocacional Pe. José Rosin
Cotia – SP
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