A SERVIÇO DOS POBRES E DOS NECESSITADOS

 

A Pequena Obra quer servir com amor. Com a ajuda de Deus, ela se propõe realizar praticamente as Obras de Misericórdia em beneficio moral e material dos miseráveis: seu privilégio é servir a Cristo nos pobres mais abandonados e marginalizados. O seu lema é “charitas Christi urget nos” (a caridade de Cristo nos compele) de São Paulo (2Cor. 5,14). E o seu programa, aquela frase de Dante: “a caridade não fecha as portas” (1 C, 321)

A Pequena Obra acolhe e abraça todos que têm sofrimento, mas não têm quem lhe dê pão, um teto um conforto. Faz-se toda para todos para levar todos para Cristo. Por isso é que, tendo saído de uma palpitação vivificante daquele amor que está sempre vivo e sempre pronta para todas as necessidades dos irmãos que sofrem, esta Pequena Obra da Divina Providência quer ser como uma corrente de água viva e benéfica, que espalha seus canais para irrigar e fecundar de Cristo as camadas mais áridas e esquecidas. (1 C, 322)

Mesmo tendo uma única fé, mesmo tendo uma alma e um só coração e unidade de governo, a Pequena Obra pratica atividades múltiplas segundo as variadas necessidades dos homens, das quais vai ao encontro, adaptando-se, pela caridade de Cristo, às diversas exigências étnicas das nações entre as quais a mão de Deus a vai transplantando. (1 C, 320).

A pequena Casa não é unilateral. Para semear Cristo, a fé e a civilização, nos sulcos mais humildes e necessitados da humanidade, assume métodos e formas diferentes, cria e alimenta diversidade de instituições, valendo-se, no seu apostolado, de todas as experiências e das sugestões que recebe das autoridades locais. Seu anseio é a difusão, entre o povo, do Evangelho e do amor ao “doce Cristo na terra”. (C, 321).

Numa época de positivismo, ambições terrenas e de dinheiro, a Pequena Casa da Divina Providência se propõe, pois, sob a proteção da Virgem celeste, enxugar muitas lágrimas, elevar as mentes e os corações para aquele Bem que não é terreno, que é o único capaz de encher e satisfazer o coração do homem e cooperar modestamente com grande humildade e de joelhos aos pés de Roma, para manter fiel ou reconduzir o povo à Igreja e a Pátria, para salvar os pequenos, os humildes, os irmãos em Cristo mais oprimidos e mais sofredores. (2 C, 323).

A porta do Pequeno Cotolengo não se pergunta a quem entra se tem um nome, mas se tem um sofrimento (2 C, 223).

O Pequeno Cotolengo é como um pequenino grão de mostarda, ao qual bastará a benção do Senhor para se tornar uma grande árvore, sobre cujos ramos pousarão tranquilos os passarinhos (cf. Mt 13). Os passarinhos aqui são os mais abandonados, nossos irmãos e nossos patrões (2 C, 224).

Deus ama todas as suas criaturas, mas a sua Providência não pode amar com predileção os miseráveis, os aflitos, os órfãos, os enfermos, os atribulado de toda a espécie, depois que Jesus os levou à honra de seus irmãos, depois que se mostrou seu modelo e chefe, submetendo também ele à pobreza, ao abandono, à dor e até ao martírio da Cruz. Por isso é que os olhos da Divina Providência estão, de modo especial, voltados para as criaturas mais desventuradas e abandonadas (2 C, 224).

O Pequeno Cotolengo terá a porta sempre aberta a qualquer espécie de miséria moral ou material. Aos desenganados, aos aflitos da vida, dará conforto e luz de fé. Diversificados em muitas famílias, acolherá como irmãos os cegos, os surdos-mudos, os deficientes os retardados; os aleijados, os epilépticos, os anciãos decrépitos e incapazes de trabalhar, os jovens escrofulosos, doentes crônicos, meninos e meninas desde os primeiros anos de idade, moças na idade dos perigos, todos aqueles, em suma, que, por um ou outro motivo, têm necessidade de assistência, de ajuda, mas não podem ser recebidos nos hospitais ou asilos, e que sejam realmente abandonados: qualquer nacionalidade que sejam, de qualquer religião que sejam, mesmo se não tivessem religião: Deus é Pai de todos! (2 C, 225).

Nada é mais agradável ao Senhor do que a confiança nele! E gostaríamos de ter uma fé, uma coragem, uma confiança tão grande, como é grande o Coração de Jesus, que é o seu fundamento (2 C, 225).

O Pequeno Cotolengo se rege in Domino (no senhor) pela fé. Vive in Domino (no Senhor) da Divina Providência, se governa in Domino, isto é com a caridade de Cristo: tudo por amor e só por amor, até ao holocausto da vida com a ajuda divina. E nada de empregados! Nada de fórmulas burocráticas, que muitas vezes angustiam quando não tornam o bem humilhante: nada que se assemelhe a uma administração: nada de tudo isso! Tudo depende da Divina Providência: quem faz tudo é a divina Providência, é a caridade de corações misericordiosos, movido do desejo de fazer o bem, segundo os ensinamentos do Evangelho, àqueles que são mais necessitados. (2 C, 226).

O pequeno Cotolengo não tem renda e não poderá renda de qualquer espécie. Caminha para frente dia a dia: “panem nostrum quotidianum” (o pão nosso de cada dia). Aquele Deus que é o grande Pai de todos, que pensa nas aves do ar e veste os lírios do campo, manda por mãos benéficas o pão cotidiano, isto é, aquele tanto que é necessário dia a dia. (2 C,536).

Se “Charitas Christi urget nos” (a caridade de Cristo nos impele), se é verdade que o amor, ou melhor, a caridade de Cristo nos compele, como seremos solícitos de fazê-la arder e fecundá-la, indo a Jesus, e conduzindo os nossos queridos recolhidos à fonte viva e eterna da própria Caridade, que é a Eucaristia? É este um trabalho que as Irmãs não podem fazer, ou melhor, que nós, sacerdotes, não devemos deixá-lo às irmãs. Somos nós que guardamos e temos nas mãos o Pão da vida, portanto, é tarefa nossa (1 C,536).

Sabemos pelos antigos Padres da Igreja e também pelos próprios Atos, que os cristãos “mostravam-se assíduos ao ensinamento dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações" (At 2, 42). Os caros irmãos que vivem em nossas casas devem ter tanta piedade e devoção à Santíssima Eucaristia que imitem e emulem os cristãos primitivos. E então realmente a Divina Providência nos assistirá e não nos faltará, e o Pequeno Cotolengo se tornará a Cidadela Espiritual de nossa querida Congregação (1 C, 537).   

O Pequeno Cotolengo será um farol gigantesco, que expandirá a sua luz e o seu calor de caridade espiritual e corporal. Mas temos necessidade de Jesus Cristo! Temos necessidade de Jesus. Sine me, nihil potestis facere (sem mim nada podeis fazer) (Jo 15,5). Temos necessidade de Jesus! E temos necessidade de Jesus todos os dias. E não fora de nós. Mas em nós, e não só espiritualmente, mas sacramentalmente (1 C, 537).

Não forcemos ninguém, não, nunca! Mas falemos com amor de Deus nos lábios e no coração, com aquelas expressões vivas que tocam e convencem e transportam. Jesus depois se encarregará de transformar e transfigurar a nós e os nossos caros pobres nele. Ele será a vida, o conforto e a nossa felicidade e daqueles que sua mão nos conduz (1 C, 537).

O pequeno Cotolengo deve ser todo e só baseado na Santíssima Eucaristia. Não existe outra base, não existe uma outra vida, quer para nós, quer para os nossos caros pobres. Somente no altar e à mesa daquele Deus que é humildade e caridade, nós aprendemos a faze-nos crianças e pequenos com os nossos pobres, e aprendemos a amá-los como quer o Senhor (1 C, 538).

Somente assim formaremos um só coração com Jesus e com os nossos irmãos, os pobres de Jesus. Não basta pensar em dar-lhes o pão material, devemos pensar em dar-lhes o eterno pão da vida, que é a Eucaristia (1 C,538)

Para que o Senhor permaneça em nós é necessário que o Senhor venha frequentemente e, possivelmente, cada manhã, para dentro de nós. Procuremos, pois, expandir ambulante e sacerdotalmente o ardor celeste da Eucaristia em volta de nós, e que o Pequeno Cotolengo seja alimentado por Jesus Eucaristia e vivificado pela caridade que dele emana (1 C, 538).                                                                                                                                                                                                                                                                                                   Por Cl. Glenio Willian Pereira