Dom Orione e São José, bem-aventurado, Coração paternal, espelho de Caridade para a Igreja

Dom Orione e São José, bem-aventurado, Coração paternal, espelho de Caridade para a Igreja.

Fonte: VaticanNews

Dia 19 de março, celebramos a Solenidade de São José, esposo da Virgem Maria, pai adotivo de Jesus, Patrono da Igreja Católica, pai justo, coração acolhedor, amoroso e bondoso, espelho de caridade para a Igreja.

A Tradição Cristã sempre teve uma especial atenção à importância do sim de Maria, mas nem sempre reconheceu com a mesma consciência a importância do sim de José, o carpinteiro de Nazaré, a quem a Virgem Maria estava prometida em casamento.

Foi crucial a aceitação de José para que o plano da Salvação de Deus pudesse ser realizado. A Sagrada Escritura não esconde as dificuldades pessoais que José precisou lidar e enfrentar ao receber o anúncio de que sua futura esposa, sem ter contato com homem algum, estava grávida.

 

São José, modelo de virtude

O Evangelho dá a José o título de justo (Mt 1,19), termo raríssimo e concedido a pouquíssimos personagens da Bíblia.  Justamente porque equivale à palavra Santo que, no Antigo Testamento, é um atributo reservado somente a Deus (Ecle 7,20). Isso revela muito sobre a integridade, os valores e a santidade de vida de José. Era um homem fiel à Lei, observador dos mandamentos e preceitos da Torah. Por isso, com sua obediência a Deus, escuta a voz do anjo Gabriel e não teme em aceitar Maria como esposa e assumir o Filho de Deus como seu próprio filho, pai da acolhida, pai de coração.

A vida de São José, o esposo da Virgem Maria não foi fácil. Teve que enfrentar as incompreensões e dificuldades das mais variadas situações.

A profissão de José em grego é tekton que não significa simplesmente carpinteiro, mas aquele que constrói, uma espécie de artesão. José, na verdade era um artista, ganhava pouco e, como muitos pais de família, viveu a angústia de não poder dar conforto e segurança aos seus. Esta tristeza São José sentiu na pele, principalmente quando viu sua esposa dando à luz em lugar paupérrimo, no frio e na miséria.

Sabemos que as dificuldades de São José não terminaram na gruta de Belém. Após o nascimento de Jesus, obedeceu ao anjo e conduziu sua família ao Egito para proteger o recém-nascido das ambições perversas de Herodes, tornando-se migrantes.

 

Coração de pai

Fonte: VaticanNews

O Papa Francisco, nos recorda, em sua Carta Patris Corde, a vida de tantos pais que, infelizmente, não conseguem oferecer nem mesmo o básico aos seus filhos. São José retorna a Nazaré e lá, ensina o menino Jesus a trabalhar, a entender a dura realidade da vida, é um pai presente. A carta do Papa também traz uma belíssima constatação, o fato de Jesus ser tão atencioso e respeitoso com as mulheres, homem de oração e próximo aos mais sofredores, simples e humildes, pode nos revelar tanto da figura do pai que teve e com quem aprendeu tudo isso.

Às vezes imaginamos Jesus como se já tivesse nascido pronto. Mas, na verdade, a própria Sagrada Escritura revela que Jesus teve de aprender pedagogicamente.

E ainda nos revela que ele crescia em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens (cf. Lc 2,52). Assim, São José, a partir de sua própria obediência a Deus, e na escuta atenta e amorosa de Deus, cria o filho na Obediência que se dá na acolhida, no acompanhamento, no cuidado, na educação, na fé, nos valores primordiais à vida, e vida em família.

São José, um pai presente, que marca presença no falar e no agir, no ser e no fazer ser pai com um coração paternal e misericordioso.  O Papa Francisco, nos recorda da carência que temos de esposos e pais como José.

São José, não compreendeu tudo, mas acolheu tudo como uma oferta de Deus em sua vida, traço também marcante na vida de nosso pai fundador São Luis Orione, o “apóstolo da caridade e benfeitor da humanidade sofredora e abandonada”, que se fez pequeno para os pequenos, pobre com os pobres, homem da prontidão.

São José não se impôs na vida do filho, mas ele acompanhou a Jesus na escolha de seu próprio caminho. Assim também foi Dom Orione, no seu amor a Deus, à Igreja, ao Papa, às Almas e as Vocações. Muito fez a partir de sua própria vida.

O Papa Pio IX ao declarar São José Patrono Universal da Igreja, estava dizendo que, assim como o guardião da família de Nazaré foi capaz de proteger o Filho de Deus, também segue protegendo a Igreja que é extensão do Corpo Místico de Cristo. Assim, São José protege a Congregação da Pequena Obra da Divina Providência, semeada por Dom Orione, no coração da Igreja, para amar, acolher e servir Cristo presente nos pequenos, na vida daqueles que têm e sentem uma dor.

A vocação e missão de São José no escondimento e na missão oculta tem tanto a falar e a ensinar aos homens de hoje. O Papa Francisco recorda de tantos homens e mulheres que, de maneira especial, durante a Pandemia do Coronavírus, arriscam suas vidas para cuidar, proteger e defender as pessoas vítimas desta enfermidade.

 

Seria São José em pessoa?

São Luís Orione nutria uma especial devoção a São José, esposo da Virgem Maria a celeste mãe e padroeira da Pequena Obra fundada por ele.

Assim como muitos fundadores de Institutos Religiosos, Dom Orione recorria ao glorioso José nos momentos de necessidades, para que o santo não deixasse faltar na mesa o pão que nutria os seus pequenos acolhidos.

É o próprio Dom Orione que narra a mais celebre ocasião em que sentiu que o Patrono da Igreja Universal foi visitá-lo, socorrendo-o quando ele mais precisava. Aqui está a narração feita por ele:

“Estávamos então em março de 1900, no antigo colégio Santa Clara, e foram anos de muito trabalho e também os nossos jovens estudavam bem e rezavam bem (…). Às vezes, quando não tínhamos pão, não tínhamos nada, era São José que vinha ao nosso encontro. Mas neste ano parecia que o querido São José não queria vir nos ajudar.

Tínhamos muita necessidade de dinheiro: eram tempos difíceis, e nos confiamos muito a São José, que é invocado como administrador, melhor como fornecedor das casas religiosas, como era fornecedor da Sagrada Família. E verdadeiramente, também conosco, ele sempre provou ser um bom provedor… Um pároco santo e culto, Monsenhor Novelli, veio nos encorajar nesta devoção: ele nos consolou, e nos convidou a esperar e confiar na ajuda de São José, naqueles momentos difíceis, e rezar…

Estávamos, então, no mês de São José. E em vez da ajuda chegar, eram os credores que vinham para serem pagos. Eu não conseguia me livrar deles, enquanto Mons. Novelli sempre me dizia para confiar.

Um dia estávamos precisamente sem nada. Era o dia do santo: ainda mais na véspera da festa! Mas São José não parecia querer nos ajudar. Eis que um homem aparece à nossa porta: eu estava lá em cima e esse homem pergunta: “Onde está o superior?” E o porteiro corre lá em cima e me diz: “Tem um homem que quer falar com o senhor”. “Mas quem é? É um credor? “Não o conheço”. “Não será o açougueiro? o leiteiro?”. “Não sei”. “Você não sabe se é aquele do arroz ou do sal?” “Não sei”. “É o menino da Senhora Chiesa?” […].

Parecia uma fatalidade: um credor atrás do outro; um saía, o outro entrava. Eu não acreditava que este homem também não fosse um credor: mas não podia fazer nada, tinha que descer. Na verdade, eu desci. As portas da escola naquela época eram exatamente perpendiculares à porta da nossa casa aqui, da casa mãe. Lembro-me bem disso: desço correndo as escadas e me encontro na frente de um cavalheiro vestido modestamente com uma barba loura. Aquele homem me diz: “O Sr. é o superior? Aqui está uma quantia!” e ele tirou um envelope grosso.

Lembro-me disso como se tivesse acontecido esta manhã. Então, como sempre, perguntei-lhe se deveríamos celebrar algumas missas: “Existem obrigações a serem cumpridas? Alguma caridade a ser feita? “Não, não!”, respondeu ele. “Não há nada. Apenas continue rezando!” Eu nunca tinha visto. Ele olhou para mim por um momento e, cumprimentando-me com uma reverência, partiu rapidamente. Eu queria detê-lo, mas, não sei como, não tive coragem de o fazer: aquela presença e aquelas palavras tinham-me encantado… o rosto daquele senhor tinha algo de celestial… E logo corremos atrás dele para ver para onde ele ia.

Aquele cavalheiro deu alguns passos; saiu pela porta, desceu os degraus, mas depois já não se via, nem à esquerda nem à direita, nem debaixo dos pórticos nem na igreja; apenas os jovens estavam no pátio. Dois deles foram imediatamente enviados para procurá-lo, mas sem sucesso. Saímos ainda mais confusos: ele não parecia um homem; mal havia saído e já havia desaparecido. Mons. Novelli então chegou e foi informado do que havia acontecido. Ele disse: “É São José, é realmente São José, que queria consolá-los!” Nós, verdadeiramente, sempre acreditamos que era São José. Mas expressei uma dúvida a Mons. Novelli: “Ele era muito jovem, parecia muito jovem com uma barba um pouco avermelhada”.

Ele me respondeu: “Mas São José não devia ser velho, não era velho. A iconografia o apresentou diante das gerações cristãs assim, como um homem velho, para nos fazer compreender que ele não era o verdadeiro pai de Jesus Cristo, mas apenas o pai putativo!

Vocês, sem querer ofendê-los, devem estar ansiosos para saber quanto dinheiro havia naquele envelope: basta saber que havia o suficiente para pagar as dívidas mais urgentes e maiores… Sempre fomos gratos a São José.

Que este fato seja sempre transmitido em reconhecimento a São José por essa providência extraordinária. E julguei justo contar-lhes isso, para que vocês também, depois deste belo período de anos passados, ainda queiram agradecê-lo comigo…” (Par. 18 – 3 – 1938; DO III, 727s).

 

Rogai por nós, glorioso São José

A este verdadeiro São José, coração paternal, espelho de caridade para a Igreja e para a Família Carismática Orionita, elevamos nossas preces, rogando-lhe que interceda por nós junto à Virgem Maria e a seu Divino Filho, e nos alcance a graça de o imitarmos nas suas magníficas virtudes, em nossa peregrinação Orionita.

 

Pe. Osvaldir Ribeiro Mendes – fdp e Equipe de Comunicação

 

Referência:

Fonte: Livro “Flores de Dom Orione”, de Dom Gemma. Visto em: https://donorione.org.ar/web/index.php/miradoras/5855-seria-san-jose-en-persona