11 mar DOM ORIONE: Como viveu o dia 11 de março de 1940, 2 dias antes da sua morte
Uma outra jornada normal e serena em Sanremo. Um relacionamento de delicadezas e gentilezas entre Dom Orione e Modesto, o clérigo enfermeiro.
Numa carta daquele dia 11 de março, Dom Orione informa: “Encontro-me em Sanremo há três dias para um pouco de repouso, porque, depois daquele susto com o coração e quando já tinha retomado a celebração da Santa Missa, me veio uma bronquite, da qual começo a sentir-me livre nestes dias. Verdadeiramente eu deveria ter retomado o serviço, mas vim aqui unicamente para agradar Pe. Sterpi e tanta boa gente. E acabei cedendo; mas, com a graça de Deus, espero poder retomar logo o meu simples trabalho em favor da infância necessitada de fé e de uma arte que lhe dê pão, e em favor dos nossos queridos pobres. Não é entre as palmas de Sanremo, mas entre os pobres que devo viver e morrer”.
O clérigo enfermeiro Modesto Schiro anota com detalhes no seu diário: “O levantar às 6hs. Dissemos juntos o Angelus e as orações da manhã dirigidas por ele; meia hora de meditação sobre A preparação para a morte de Santo Alfonso; por volta das 7hs a Santa Missa. Um pouco longa também esta manhã. Parece-me cada vez mais recolhido, de fato estava mais absorvido do que o normal na oração. Eu olhava para ele, e me impressionava aquela sua bela devoção simples, feita de tanto recolhimento. Depois o agradecimento, café da manhã no parlatório. Comeu pouco, mas com bom apetite, por volta das 8hs.
“Hoje será uma jornada intensa”, disse-me. Devia, entre outros, expedir o telegrama ao Santo Padre. Para alguma anotação nas cartas me fez folhear várias vezes os livros Os Noivos de Manzoni, e a Divina comédia de Dante Alighieri. Escreveu cartas que, pela atenção com a qual escrevia, pareceu-me que deveriam ser muito importantes. Foram, na jornada, umas 22 ou 23. Fui coloca-las no correio. Como no dia anterior, parava de tanto em tanto o trabalho para colocar a cabeça entre as mãos, com aquela atitude que me parecia de oração; e não deixava de dizer alguma palavra carinhosa, dirigindo-se a mim, com um bom pensamento sobre as coisas de Deus.
Às 12hs, como sempre, o Angelus; depois almoço no parlatório. Enfim, a Visita ao Santíssimo Sacramento na Igreja. Na parte da manhã tinha recebido também algumas visitas no parlatório de dois ou três senhores.
E chegamos ao repouso, depois do almoço. O clérigo Modesto Schiro tem uma ideia: fazer algum remendo na batina de Dom Orione, a única que tinha, deste modo ele seria obrigado a permanecer no quarto, de repouso, e não escreveria tantas cartas.
“Senhor Diretor, disse-lhe, repouse um pouco. Enquanto isso eu levo a veste do Sr. para as irmãs e peço para remenda-la…”. Olhou-me um pouco, depois me disse: “Será que não poderiam remenda-la esta noite? Vai perguntar as irmãs se é possível”. Às Irmãs eu não fui. Saí um pouco e depois de uns dez minutos retornei. “As Irmãs à noite estão cansadas, durante o dia o trabalho é feito com mais prazer. Dá-me a veste depois do almoço!”. Modesto entra no quarto para pegar a veste de Dom Orione e leva-la às Irmãs. Dom Orione, já debaixo das cobertas, entregando-lhe, diz: “Enquanto as Irmãs remendam a batina, vai visitar o Santuário de Bussana. Reze, reze. Você verá que belo Santuário encontrará!”.
“Entre o ir e vir devo ter ficado fora cerca de uma hora e meia – narra o bom Modesto -. Quando voltei, a veste não estava ainda pronta. Disse-me que ficaria pronta pelas quatro horas. Pensando que Dom Orione dormisse, não o incomodei. Depois me dei conta que fazia algum verso com a boca como alguém que está limpando a garganta: entendi que era um modo discreto para fazer-me entender que aguardava a batina. Então fui até a porta do quarto e bati:
“Posso entrar?”. “Um momento – respondeu. E depois: Avante!”
Entrei; a espera foi muito breve. Mas vi imediatamente que tinha trabalhado, ou seja, quando bati na porta, imediatamente voltou para a cama, apressadamente, tanto que uma coberta caiu para o lado. Na mesa estava um bom monte de cartas.
“Oh, você chegou!”.
Tinha a veste entre as mãos. E vendo que eu olhava para aquelas cartas sobre a mesa, Dom Orione disse:
“Para o que você está olhando, curioso!”.
“Olho, olho…”, gaguejei.
Os meus olhos e a minha cabeça estavam na direção daquele punhado de cartas; desagradava-me pensar que ele não tinha repousado”.
Pouco antes da janta, por pedido de Padre Pio de Pietrelcina, chegou Pe. Umberto Terenzi, pároco do Santuário do Divino Amor, recebido cordialissimamente.
Esta foi também uma jornada serena, concluída com a oração do Terço e as orações da noite.
(Publicado originalmente em italiano no site www.donorione.org; por Don Flávio Peloso)
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