A LENDA DO POTE DE OURO

A LENDA DO POTE DE OURO

FILHOS DAS TREVAS AGEM NAS SOMBRAS

FOTO  crônica -10 dez 16 AJ

 

Basta um leve apagão e o malfeitor aproveita para atacar. Assim foi feito, em Aparecida do Norte. Quando as luzes apagaram, um malfeitor destruiu a imagem de Nossa Senhora Aparecida em inúmeros pedaços. O Brasil ficou triste e foram anos e anos para restaurar a imagem.  Voltemos no tempo. Nos dias de vitória da Copa do Mundo, no tempo da ditadura, os mal aventurados em Brasília votaram leis para os opositores políticos e com isso os perseguiram durante décadas. Enquanto o povo se alegra nas ruas, os ditadores desciam o cassetete nos paus-de-arara.

A astúcia e a malícia caminham juntas. Não importa o lugar, os oportunistas estão sempre de plantão.  Ninguém esquece que a maioria dos vereadores de Rio Claro votou a favor da taxa de iluminação. Numa sexta-feira, pela manhã com as portas fechadas, escondido, enquanto o povo que paga seus salários trabalhava.

Falava-se  sobre o oportunismo dos “filhos das trevas”, quando dois amigos chegaram.  e apenas tinham ouvido parte da conversa, um deles perguntou:

– Mas, os deputados votaram o projeto anticorrupção?

– Sim – explicou um dos amigos presentes – com muitas mudanças para favorecê-los, em pleno luto do Brasil com a dor de Chapecó, do Brasil e do mundo.

O mundo parou solidário com a dor, enquanto dentro da casa brasileira os políticos fizeram votação,  escondidos de todos os brasileiros. Aproveitaram o momento da dor do povo diante da tragédia. A votação da meia-noite, da indecência, do oportunismo.

– Falta ética na maioria dos políticos – disse outro amigo – falta o principal, honestidade. Afinal foram eleitos pelo povo para trabalhar por eles e eles somente trabalham por eles mesmos. Enriquecem com seus amigos. Veja o Rio de Janeiro, o povo na miséria e os governantes se vestindo de joias e de propriedades.

Ouvimos reclamações. Entre revolta e angústia. O mais interessante é que apesar de tudo o que está acontecendo, os políticos brasileiros, na sua grande maioria, continua querendo enganar o povo. Não tem dinheiro para a saúde, as ruas seguem escuras, mas as vazantes continuam, com excesso de assessores, com mordomias em carros oficiais, com comparsas em empregos inventados.

Vemos notícias de parlamentares e senadores que se sobrepõem aos tribunais federais. Ficamos boquiabertos, tudo parece conspirar contra o povo. As passeatas voltaram a acontecer no Brasil. Basta ver nas ruas e nos jornais. O povo desiludido e os governantes dissimulados, combinando na surdina.

Precisamos ressuscitar a esperança, para seguir na luta. Tanto que os governantes nem percebem a imensidão dos votos nulos e abstenções. Como se quisessem dizer: pelo menos eu não votei neste cidadão. Muito grave isso.  Na realidade, um grito do povo que não entende como tantos políticos ficaram ricos, como lagartas que vivem da podridão dos troncos. Aposentadorias milionárias e o povo, principalmente o pobre, se aposentando com uma quantia que não dá nem para sobreviver. Perdemos o bom senso, e a consciência? Ainda falamos o nome de Jesus em vão?  Quando um político diz que adora e teme somente a Jesus, podemos concluir que o Jesus que adora é sua fortuna escondida e o Jesus que teme atua no Paraná.

Conta uma fábula que os homens acreditavam que no fim do arco-íris existia um pote de ouro e quem chegasse lá poderia levá-lo e evidentemente ficaria rico, famoso e imortal.

Assim, começaram a correr cada vez que um arco-íris despontava no céu e nada, nada de encontrar, até que um dia um político encontrou o pote de ouro – talvez porque o faro pelo ouro já tivesse nascido com ele.  Havia prometido que caso encontrasse, todos que o ajudaram a procurar dividiria o tesouro. O povo acreditou e ele ninguém mais viu. Contam, também, deve ser lenda, que quase todos os políticos de Brasília têm um pote de ouro escondido em algum banco na Suíça ou outros países da Europa. Tantos potes de ouro e o povo sem pão na mesa e sem água no pote.

Mas não terminamos assim. Abraçamos os governantes honestos (sim, claro que existem!) e que no tribunal da própria consciência conseguem dormir em paz. Vemos uma tênue luz  no final do túnel.

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia

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