FAMILIA SOLIDÁRIA APRENDENDO LIBRAS PARA SE COMUNICAR

FAMÍLIA SOLIDÁRIA

APRENDENDO LIBRAS PARA SE COMUNICAR

Fomos visitar um casal de amigos, Germano  e Iara que nos receberam muito felizes, pois o casal teve uma série de problemas de saúde e agora ambos estão muito bem. De vez em quando parece que tudo acontece, mas com fé e esperança podemos tocar nossas vidas.

Estávamos na sala conversando sobre os problemas que tiveram, quando a filha deles apareceu com um amigo.

Iara nos falou:

– Esta é a Christiane, minha filha, e este é o Fernando, amigo dela.

– Estão fazendo o cursinho do vestibular juntos. Acrescentou o pai.

Em seguida através da língua dos sinais, explicou quem nós éramos.

Nos cumprimentaram com um aperto de mão. Em seguida, começaram juntos com os donos da casa,  a conversar em libras, a língua dos sinais.

Nos lembramos da belíssima Exposição do Cinquentenário da Paróquia Nossa Senhora da Saúde quando as crianças apresentaram um número muito bonito e fizeram a linguagem dos sinais que Tatiane, esposa do Marcos,  e filha do Claudinho e Lucinha os ensinou.

O fato é que a Christiane, filha caçula do casal, nasceu surda. Os pais resolveram que o ideal para a comunicação deles seria a linguagem labial, mas por algum motivo, ficou mais difícil a compreensão do casal, da filha e dos outros três irmãos. Assim, resolveram não somente a filha, mas a família inteira aprender a comunicação através da linguagem de libras, para que a Christiane nunca ficasse sem saber o que todos estão falando.

Como não sabemos falar a língua dos sinais, começamos a perguntar e o Germano, ou Ger, como se chama carinhosamente, e a Iara faziam a tradução:

– Vocês estão com dificuldade em alguma disciplina?

– Que curso vocês escolheram?

Começamos a tentar fazer alguns sinais e eles riam, pois nem sempre fazer gestos significa que estamos no caminho certo. É preciso saber que há uma gramática e uma metodologia que leva ao ensino. Até na Comunidade Santo Antônio tem um grupo que faz tradução na missa. E a garotada fica imitando, pela curiosidade.

Assim se quisermos falar corretamente a língua dos sinais é necessário estudarmos, aprendermos como se fosse uma língua estrangeira.

Parece fácil, mas não é. Naquele dia,  ficamos sabendo de algumas coisas interessantes sobre a  língua dos sinais. Por exemplo, aprendemos que  ela é regional, ou seja no Brasil é uma, na Itália é outra, mesmo que eu aprenda aqui, nos Estados Unidos será outra, pois depende dos valores linguísticos, quer escritos ou orais, de cada língua. O alfabeto no Brasil é de 27 formas. Isso não quer dizer que em outro país será igual. Depende das características e da forma de falar de cada país,  que vai justamente mostrar o que se quer falar através dos sinais.

Mas isso tudo se torna secundário. O que importa é aprender a língua de sinais quando alguém não pode falar nossa linguagem comum. Isso é fundamental, quando temos algum surdo em nossa comunidade, nas nossas famílias ou amigos.  Qualquer  pessoa que nasceu sem o dom de ouvir,  ela poderá nos entender através de nossos sinais. Esse é um gesto de amor. Estes nossos queridos irmãos vão compreender que gostamos muito deles.  Vão sentir que eles são importantes para nós. Vão responder na língua do sinais o que queremos ouvir dela também. Entramos em comunhão, nos integramos.

Tanto a Christiane como o Fernando que conversam e estudam o tempo inteiro, “se comunicam” com as mãos, mostrando que um ensina o outro nos deveres, tornaram-se verdadeiros companheiros.

Ah… vemos tudo isso e achamos lindo. Claro que seria melhor se tivéssemos um fundo musical. Percebemos que é bem triste não poder ouvir, mas pior é o isolamento e o preconceito. Foi maravilhoso ver o Germano e a Iara entrando no universo de sua filha, a Cristiane, com todo esforço e com todo carinho de pais. Se quisermos entrar  no coração de alguém, é preciso permitir que ele entre também em nosso  coração. Compreendemos que as mãos silenciosas fazem gestos que se transformam em músicas de sinais. Com diz Exupèry: só se ouve bem quando se ouve com o coração.