MUTIRÕES DO BEM

A ALEGRIA DE SERVIR GRATUITAMENTE

 

Passando por dois jovens da comunidade, Thiago Marcelino,  um deles estava falando ao celular com seu amigo, Caíque Quitério, companheiros dos Grupos de Jovens.

– Então, meu, amanhã não dá para jogar bola. Vamos fazer pizza para vender.

– Estou sabendo, respondeu. Eu sei, estaremos na Igreja, temos que arrecadar fundos para o nosso encontro.

A garota, Raquel,  que estava ao lado pegou o celular do amigo e disse:

– Olha aqui, meu, amanhã não tem bola, tem voluntários, todos estão dizendo que vem para a nossa comunidade fazer pizza.

– Do outro lado da linha, o Guilherme e o Yago concordaram.

–  Vamos lá, tamos na luta com todos. Por uma boa causa.

A Raquel continuou: -Depois quero ver se vocês terão coragem de participar se não ajudaram, é ou não é? A Aninha concordou sem pestanejar.

Pensamos conosco:  garotada decidida. No dia seguinte, fomos ao encontro destes jovens e eles lá estavam com suas pizzas, fazendo e vendendo. E olha que faziam tudo direitinho, parecia uma fábrica, uma montagem industrial.

Nas igrejas, particularmente em nossas paróquias católicas, não tem nada de novidade fazer pizza para que os jovens e as  outras pastorais possam angariar fundos para seus encontros religiosos e suas atividades formativas e recreativas.

Na semana passada, mas de 200 voluntários passaram três dias confeccionando coxinhas.  Já virou fato comum e todos sabem que a melhor coxinha da cidade é feita na Santa Luzia. Na semana passada fizeram 12.000 coxinhas para angariar fundos para o Abrigo São Vicente de Paulo. Era uma alegria ver inúmeros voluntários em volta de muitas e muitas mesas tagarelando, cantando e rezando, enquanto suas mãos se agitavam sem cessar. Todos querem participar e além de servirem a comunidade e os mais necessitados, ainda sentem grande alegria  em participarem num mutirão do  bem.

A vida nas igrejas das nossas comunidades não é fácil, as contribuições não são grandes e os padres não gostam de trocar dízimos por promessas de prosperidade. Vivemos de ofertas, de mutirões, de festas e de partilha.  Não está bem usar textos bíblicos para arrancar dinheiro do povo simples, prometendo eldorados que ninguém nunca viu e nem verá. A festa nos une, nos congrega, fortalece a comunidade e serve à evangelização.

Como a Festa italiana. Servem os voluntários, que são maravilhosos e nos ajudam a manter as despesas através de nossas atividades extras.

Se estivéssemos no governo, seria fácil: bastava aumentar impostos ou criar taxas para o povo. Mas depois teríamos que suportar a fama de espoliadores da cidade.

Os voluntários são pessoas dedicadas, que se dedicam alegremente às causas comuns. Diferente de tantos viciados da sociedade que não fazem um gesto sem pagamento, os voluntários servem com o coração feliz. Basta ver a quantidade de voluntários no Centro dos Idosos. Gente que termina o dia cansada e feliz.

Os jovens agora têm seus meios  para as despesas para o próximo encontro. Em países desenvolvidos e mais humanitários que o Brasil é uma grande vantagem colocar no Curriculum Vitae que é voluntário, na sociedade e na Igreja. Valoriza a pessoa e mostra que ela não é ostracista; mas é solidária, que não  mexe as mãos apenas pela força do dinheiro.

Tem muita gente boa; enquanto tantos escalpelam os cofres públicos e exploram os pobres, tantos se entregam em ações humanitárias. São as duas vias: a vida do bem e a via do mal. Buscamos gente solidária e fugimos de pessoas que vivem da desgraça alheia, na saúde, na educação e nos serviços públicos.

Em outras palavras, precisamos cuidar, cada um no seu meio, na sua atividade ou trabalho, ou governo ou pessoa física, quem tiver coração precisa utilizá-lo para o outro.

Tanto as pizzas, como as coxinhas, são feitas pela fé e cada um de nós precisa participar de ações altruístas. Torne-se um voluntário na sua comunidade, na sua escola, no seu trabalho e veja o mundo ser redescoberto a cada dia. É o ano da Misericórdia, atravesse a porta do egoísmo e adentre o palácio da caridade.

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia