PROCURA-SE IDEAIS – A ESCOLHA DOS VESTIBULANDOS

PROCURA-SE IDEAIS

A ESCOLHDA DOS VESTIBULANDOS

"Procura-se ideais". Esta é a inspiração desta história. Numa prosa longa com o Sr. Lincoln Magalhães, falando da perda de rumo de nossos projetos existenciais, num momento de inspiração, dizia que em nosso mundo contemporâneo, faltam ideais verdadeiros; razões para viver e para praticar o bem. Faltam-nos ideais, insistia.

Época de Vestibular, todas as famílias ficam nervosas, pois é um momento muito decisivo na vida dos filhos. Os pais  ficam ainda mais nervosas que os próprios filhos. Eram duas mães que conversavam sobre o vestibular dos filhos.

– O que sua filha vai fazer?

– Ela vai prestar para Psicologia, ela estava em dúvida se fazia Arquitetura ou Engenharia.

– Meu Deus, que indecisão..

– Ela estava preocupada se ela iria ganhar mais se fizesse isso do que Psicologia.

– Ela ia fazer só por dinheiro?

– Sim, mas eu a convenci a fazer o que ela gosta.

– A vida não é só dinheiro, ela precisa ser feliz e acho que se passar em Psicologia ela vai se realizar com a profissão.

Vivemos num mundo muito confuso. Algumas  profissões  não dão dinheiro para ter uma vida tão confortável. Em compensação dão alegrias e realizações. Mas hoje vivemos outra fobia: ganhar dinheiro, perdemos os ideais.

Escolher uma profissão é algo muito sério, pois depende deste DNA que nos leva a fazer uma faculdade. Muitas vezes fazemos mais uma ou várias, não importa, uns querem aprender para viver bem com seu conhecimento, outros querem apenas ganhar dinheiro. A ciranda das profissões também é muito dinâmica; algumas destas profissões sobem ou descem no estandarte com muita rapidez. Num período são profissões rentáveis  e noutro período são profissões decadentes. Muitas profissões são motivados por estrelas, por famosos.

Na verdades,algumas pessoas são mais habilitadas para ganhar dinheiro que outras, independendo das profissões. Muitos carecem de honestidade e fazem da profissão fonte de lucros, num vazio ético impressionante.

A medicina continua em evidência, pois seu ideal é salvar vidas. Porem, se o médico for ganancioso ficará milionário em pouco tempo, o que tem sido muito comum, mas se for um médico de caráter humano, não for espoliador dos  doentes  e ver a profissão como Hipócrates queria que vissem, será símbolo de humanidade.

Temos professores humanitários e tantas profissões que vivem uma ética saudável. Não depende apenas da profissão, mas quando se generaliza suas práticas, todos  seus congêneres ficam maculados. Se falamos em políticos em nossos dias, imediatamente pensamos em desfrutadores do povo. E os honestos precisam provar o contrário. Mas o pior é que os casos de desonestidade e enriquecimento excessivo se multiplicam.

Os advogados labutam com as leis. Depois de tantas décadas com imagem pouca positiva, mudaram seu estilo de atuação e restauraram sua imagem. É necessário lutar muito para ser um bom servidor das leis, numa sociedade em que a lógica do dinheiro predomina sobre a lógica da ética.

É preciso ter ideais; médicos para doentes e não para faturar com a doenças, padres e pastores para as almas e não para  ludibriar os fiéis, advogados para a justiça e não para falácias, professores para educar e não  faturar, etc… Desconfie sempre de profissionais que se enriquecem tornando seus clientes mais e mais pobres, como os governantes que vivem na opulência e deixam o povo na miséria.

A felicidade do homem está em trabalhar, mas trabalhar naquilo que ele gosta, para ser feliz, para viver com dignidade, para construir o bem comum.

– Faça aquilo que vai realizá-lo, não pense somente nos bens materiais, mas nos espirituais e na realização do bem. Voltamos à lição do Sr. Lincoln: precisamos de ideais.

 

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia