23 nov Coração de Missionário Salesiano no Presbitério da Igreja de Poxoréu
Na Igreja “São João Batista” de Poxoréu que até 2013 estava sob os cuidados dos Salesianos, é encontrado, durante a reforma do presbitério, o coração do leigo missionário, Atílio Giordani. A sua história missionária incentiva tantos missionários leigos. A sua vida cristã exemplar é certificada também por um processo de canonização que corre na diocese de Milão, desde 1973, um ano depois da sua morte no Brasil.
Poxoréu, MT. Pe. Alexandre Umbelino, Pároco de Poxoréu desde 2014, quando os Orionitas assumiram os cuidados pastorais da Paróquia “São João Batista”, informou que, durante a reforma do presbitério da igreja matriz foi encontrado o recipiente com o coração intacto do missionário leigo, Atílio Giordane.
“Estamos reformando o presbitério da Igreja Matriz São João Batista – conta o Pe. Alexandre – e tínhamos escutado alguns comentários de fiéis mais idosos de que havia sido enterrado debaixo do altar um coração. Pesquisando um pouco mais esta história, descobrimos que, realmente, durante a ‘Operação Missionária Salesiana Matogrosso”, veio para Poxoréu um leigo italiano, missionário salesiano, que se dedicou muito aos trabalhos nestas terras”.
O nome do leigo é Atilio Giordane que morreu por causa de um infarto em 1972, quando estava numa reunião em Campo Grande para tratar de alguns assuntos da Missão.
Segue uma reportagem publicado sobre o assunto no Portal G1, juntamente com o vídeo, acessível clicando aqui:
Coração de missionário é achado em altar de igreja em MT durante reforma
Italiano, Attilio Giordani morreu há 43 anos durante missão em Mato Grosso.
Corpo de venerável foi levado para a Itália, mas coração ficou em Poxoréu.
O que era quase uma lenda para os moradores de Poxoréu, a 259 km de Cuiabá, se confirmou durante a reforma da Igreja Matriz São João Batista. O coração do missionário italiano Attilio Giordani, que morreu em 1972, foi encontrado enterrado sob o altar da igreja durante uma reforma, no dia 26 de outubro. O órgão está guardado dentro de um pote de vidro com um líquido, que, segundo o pároco da comunidade, padre Alexandre Umbelino Pereira, seria formol.
O missionário, que atuou na região como colaborador da missão salesiana no estado no início da década de 70, pode virar santo. Em processo de canonização desde 1973, ele é considerado venerável, primeira etapa para se tornar santo da Igreja Católica. A segunda fase é a beatificação e, por último, são analisados os depoimentos de testemunhas e eventuais milagres por intercessão dessa pessoa.
Conforme o pároco, essa é a primeira grande reforma estrutural pela qual passa a igreja após o coração ter sido colocado no altar, em 1973, um ano após a morte do missionário italiano. “Os moradores mais antigos comentavam que o coração dele estava enterrado na igreja, mas não sabíamos exatamente onde e se, de fato, era verdade. Mas, quando estavam cavando o altar para a reforma, foi encontrado o vidro com o coração”, contou.
O então pároco da igreja, que acompanhava a 'Operação Salesiana', da qual o missionário italiano e seus filhos faziam parte, quis manter parte do amigo na região, de acordo com o padre.
“O missionário gostava muito dessa região de Poxoréu e quando ele morreu de infarto durante uma reunião na sede dos salesianos, em Campo Grande, a família pediu que o corpo fosse encaminhado para a Itália, mas o coração ficou em Poxoréu”, relatou o padre Alexandre, que solicitou dos salesianos uma definição sobre o caso. Adiantou, contudo, que o melhor seria se o coração fosse enterrado novamente no altar da matriz da cidade.
Attilio tinha mulher e três filhos. Nasceu em 1913 e morreu aos 59 anos. Em Poxoréu, porém, não há familiares dele. Segundo o pároco da comunidade, ele deixou muitos amigos, mas, com o passar dos tempos, a história do missionário que pode virar santo foi se perdendo. “Essa história tinha caído no esquecimento, mas agora vamos desenterrá-la”. Para ele, essa será a oportunidade de divulgar para os jovens a missão da qual Giordani participou.
“Essa operação foi muito importante para o desenvolvimento do estado. Nessa época, muitos religiosos de fora vieram para o Brasil para construir igrejas, hospitais”, afirmou. Em Poxoréu, por exemplo, foram construídos a paróquia e o Centro Juvenil São João Batista.
Na página oficial dos Salesianos de Dom Bosco consta que o corpo de Attilio foi levado para a Itália e encontra-se na Igreja de Santo Ambrogio, em Milão, onde ele nasceu.
Amizade e admiração
Amigo de Attilio Giordani, o irmão Armando Catrana, religioso também italiano que se dedica à missão salesiana na região Centro-Oeste há mais de 50 anos e conviveu com o missionário em Poxoréu, confirmou a informação do local em que o coração de Giordani foi enterrado. Inclusive, o interesse do missionário em desenvolver trabalho voluntário na região surgiu após uma conversa com Armando Catrana, que hoje atua como coordenador do Centro Juvenil Jesus Adolescente, obra social da Missão Salesiana de Mato Grosso em Três Lagoas (MS).
Em 1971, o irmão foi até a Itália em razão da morte da mãe dele e lá ficou na casa de Attilio, em Milão, próximo ao Oratório dos Salesianos de Santo Agostinho. “Contei a ele sobre os trabalhos que vinha desempenhando com os jovens em Poxoréu e ele ficou muito interessado, pedindo que lhe contasse mais”, lembrou.
No ano seguinte, o missionário e a família dele desembarcaram no Brasil para ajudar Armando Catrana no projeto com os adolescentes, que consistia no desenvolvimento de tarefas educativas e esportivas no Centro Juvenil São João Batista, fundado por Armando Catrana em parceria com outros integrantes da 'Operação Mato Grosso', como era chamada a missão dos salesianos naquela época.
O carinho e atenção dispensada aos jovens transformou a cidade em poucos meses, contou o religioso. “Revolucionou em pouco tempo a cidade inteira e mudou a vida dos meninos de Poxoréu. Todos os adolescentes e jovens frequentavam o Centro Juvenil. Organizava jogos, brincadeiras. Nunca vi um salesiano mais salesiano que o Attilio Giordani”, declarou.
Os membros da operação foram convidados para participar de uma reunião na sede da Missão Salesiana, no final de 1972, quando Giordani faleceu. Com a história ainda fresca na memória, o irmão relatou que um dia antes o amigo não quis se manifestar no encontro, mas naquele dia foi a primeiro a falar sobre os projetos.
“Ele falou bastante e de repente fez com um gesto como se quisesse se apoiar no encosto da cadeira. Ele encostou e socorri junto com os outros que estavam lá, o colocamos em cima de uma mesa e chamamos um médico, que ao chegar constatou que ele já havia falecido. Foi um momento de profunda tristeza. Levamos o corpo para a capela e celebramos uma missa”, relatou.
Quem pediu que o médico retirasse e guardasse o coração do missionário em formol foi um padre que à época era pároco da Igreja Matriz de Poxoréu.
Durante o preparo do corpo para ser encaminhado à Itália, o padre pediu e o médico autorizou a doação do coração dele. O padre o colocou em um vaso de vidro com formalina e o guardou em seu quarto até 1973, quando a reforma foi concluída. O coração foi colocado exatamente no meio da coluna do altar, informou Armando Catrana. Para ele, foi desnecessária a retirada do vidro daquele local.
Armando Catrana atuou em Poxoréu entre os anos de 68 e 76, quando fundou o Centro Juvenil. Foi transferido e, depois de nove anos, retornou para a cidade mato-grossense de 17.599 mil habitantes, na região Sudeste do estado. Nesse segundo período, ficou 17 anos lá.
Para ele, Attilio foi um exemplo formidável de educador cristão. “Sem dúvida, seja qual for a decisão da igreja , se será imediatamente ou não sei daqui a quantos anos, ele teve uma vida a ser imitada”, pontuou.
Um neto do missionário com outra colaboradora da missão, da Itália, nasceu em Poxoréu. Mas, depois, os familiares voltaram para a Itália.
Agora, de comum acordo com o Sr. Bispo, Dom Derek, e os Responsáveis Salesianos, a relíquia com o coração do Sr. Atilio será colocada numa das colunas da igreja, abaixo da imagem de Nossa Senhora.
Recordemos que também o corpo do nosso Dom José Carlos dos Santos passou por este mesmo processo. Seu coração está na Catedral de Luziânia e o corpo foi sepultado na cidade de residencia dos familiares, Tres Lagoas.
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