A identidade da Paróquia Orionita

A identidade da Paróquia Orionita

A identidade da Paróquia Orionita

 

Na Igreja Católica, a definição de paróquia é dada pelo Código de Direito Canônico que declara: “Paróquia é uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular, e seu cuidado pastoral é confiado ao pároco como a seu pastor próprio, sob a autoridade do Bispo diocesano.” (Cân. 515 § 1º). Portanto, é impossível falar de paróquia sem a figura do seu pastor, o pároco.

O pároco, como sacerdote, tem uma missão que se caracteriza pelo tríplice múnus de anunciar o Evangelho, santificar pelos Sacramentos e governar o Povo de Deus. Como? Pela orientação das pessoas e constituição de comunidades, capacitadas a reconhecer a vontade de Deus e treinadas a dedicarem-se ao serviço dos outros, especialmente dos mais necessitados (cf. Presbiterorum Ordinis, 4-6).

No tocante ao múnus de anunciar o Evangelho, recorda-nos Paulo VI, que “a tarefa de evangelizar todos os homens, constitui a missão essencial da Igreja (…), a sua mais profunda identidade.” (cf. EN 14). Portanto, “o pároco tem a obrigação de fazer com que a palavra de Deus seja integralmente anunciada aos que vivem na paróquia, cuidando que os fiéis sejam instruídos nas verdades da fé e estimulando as obras que promovam o espírito evangélico, também no que se refere a justiça social.” (cf. Cân. 528)

Quanto ao múnus de santificar, os sacerdotes são consagrados por Deus com vistas à obra de santificação do povo, agindo como seus ministros nas celebrações sagradas. Através das celebrações, especialmente dos sacramentos, toda a vida das pessoas, das comunidades e do próprio presbítero é direcionada para Deus. Dentre os sacramentos, ocupa especial lugar a Eucaristia, para a qual converge toda a vida da comunidade, pois torna presente o próprio Cristo e seu mistério pascal.

Por fim, no que diz respeito ao múnus de governo, específico do pastor, pela ordenação, o sacerdote é configurado a Cristo, cabeça do corpo e pastor do rebanho. Pelo seu serviço de pastor da comunidade, o pároco deve empenhar-se diretamente, acompanhar, orientar e assistir todas as pastorais, movimentos, associações e grupos eclesiais existentes na paróquia a ele confiada. Constitui sua missão educar os fieis e a comunidade para a maturidade cristã, orientando a cada um e a todos para a descoberta da vontade de Deus e para a vida a serviço uns dos outros.

Pelo exposto acima, conclui-se que a paróquia, conduzida pelo seu pastor, o pároco, em seu tríplice múnus, é o centro irradiador da ação evangelizadora da Igreja.

A partir desta perspectiva, qual seria a identidade de uma paróquia confiada à Pequena Obra da Divina Providência?

O capítulo X de nossas Constituições fala de nossa missão na Igreja. No art. 120 que trata das variadas formas de nosso apostolado, encontramos uma breve alusão às nossas paróquias. Estas devem estar situadas, preferencialmente, em regiões pobres, como forma visível de corresponder ao nosso carisma, ou seja, levar à Igreja e ao Papa os irmãos mais humildes e necessitados.

Desta forma, expõe-se com maior evidência que a paróquia confiada aos cuidados de nossa Congregação deve ser, também, a expressão do carisma de São Luís Orione, não nos bastando ostentar uma estátua do Santo em local público. À luz do carisma orionita, a ação evangelizadora da paróquia deve ter, no seu horizonte, o serviço aos pobres, tão queridos por Dom Orione.

O nosso fundador afirma:

 “A Pequena Obra quer servir com amor. Com a ajuda de Deus, ela se propõe realizar praticamente as Obras de Misericórdia em benefício moral e material dos miseráveis: seu privilégio é servir a Cristo nos pobres mais abandonados e marginalizados. O seu lema é ‘Charitas Christi urget nos’ (A caridade de Cristo nos compele) de São Paulo (2 Cor 5, 14). E o seu programa, aquela frase de Dante: ‘A nossa caridade não fecha as portas’.” (Dom Orione aos seus religiosos, pág. 238)

Portanto, uma paróquia orionita se identifica, também, como centro difusor do amor e da caridade “que salva o mundo”.

O XIII Capítulo Geral (2010), intitulado “Só a caridade salvará o mundo”, no que diz respeito ao nosso apostolado, pede que nossas obras, incluindo as paróquias, cresçam em qualidade apostólica e carismática, tornado-se “púlpitos” e “faróis de fé e de civilidade”.

E mais, daí nos são indicados dois temas importantes que tratam do apostolado orionita nas paróquias: atenção às “novas pobrezas” e a opção pelos jovens.

No tocante às “novas pobrezas”, o tema “Partir novamente da Patagônia” nos chama a atenção para a situação atual, quando afirma que “há em nossa família religiosa situações que nos impelem em direção às hodiernas ‘patagônias’ em comunidades abertas às novas pobrezas.” (XIII CG, nº 114).

E na decisão nº 28, pede-se que

“Cada Província, discernindo de acordo com a própria realidade as formas em que a vida está mais ameaçada (a vida nascente, a vida debilitada, os migrantes, etc.), defina as ações mais significativas para a sua defesa. Em todas as nossas obras (educacionais, assistenciais, paroquiais) haja sinais de acolhimento e de atenções em favor da pobreza dos mais desamparados.”

À luz dessa decisão, podemos dizer que o XIII Capítulo Geral nos pede a renovação da ação pastoral em nossas paróquias, provocando-nos a passar de uma mera “pastoral de conservação” para uma verdadeira pastoral evangelizadora e libertadora, onde de se realiza a missão proclamada por Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10, 10).

Com relação aos jovens, somos provocados a “Partir novamente do pátio”, como uma atualização do “fora da sacristia”, dito por Dom Orione. O Capítulo Geral nos alerta que os jovens estão longe de nós e da Igreja. Portanto, as nossas obras e paróquias são importantes e providenciais instrumentos para atraí-los novamente para Cristo.

Vale recordar o que nos diz o Capítulo sobre os jovens:

“Estão eles afastados de nós ou nós é que estamos afastados deles? Partir do pátio significa ir e estar lá onde estão os adolescentes e jovens. Interroguemo-nos sobre como agir para chegar a uma maior aproximação como os adolescentes e os jovens, sobre como buscar um acolhimento pessoal melhor, mais organizado, mais humano e mais espiritual. (XIII CG, nº 122)

E o próprio Dom Orione nos ensina:

 

"O jovem é sempre de quem o ilumina e de quem o ama". É isso mesmo. O jovem tem necessidade de se persuadir de que estamos interessados em lhe fazer o bem, e que vivemos não para nós, mas para ele, que lhe queremos verdadeiramente bem, e não por interesse, mas porque esta é a nossa vida, porque ele é grande parte de nossa própria vida, e seu bem constitui a nossa missão e o nosso intento e afeto em Cristo.” (Dom Orione aos seus religiosos, pág. 232)

 

Pe. Erli Lopes Cardoso

Paróquia Nossa Senhora da Divina Providência

Belo Horizonte-MG

 

 

 

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