A Campanha da Fraternidade e a Anti-Campanha da Agressividade

A Campanha da Fraternidade e a Anti-Campanha da Agressividade

Há mais de 50 anos, a Campanha da Fraternidade (CF) acompanha a experiência da Igreja no Brasil, convocando os fiéis a refletirem sobre a dimensão comunitária e social de nossa fé em Cristo e a solidarizar-se com as dores e angústias dos homens e mulheres do nosso tempo (GS 1). 

Em mais de cinco décadas, e sempre à luz da fé no Senhor, fomos convidados a refletir sobre os grandes temas atuais, desde aqueles que ferem a dignidade humana, como o racismo (1988) e a discriminação contra a mulher (1990), até aqueles que agridem diretamente a obra do Criador (2007 – sobre a Amazônia). 

Com este mesmo intuito, neste ano de 2021, a Igreja no Brasil, em comunhão com outras Igrejas Cristãs, nos presenteiam com uma CF de profunda ressonância bíblica e de grande atualidade para nós, cristãos: “Cristo é a nossa paz: Do que era dividido, fez uma unidade” (Ef. 2, 14). 

Porém, o que deveria se traduzir em um autêntico projeto de vida, que nos levasse a rever nossas atitudes e a superar tantas polarizações, acabou se tornando um verdadeiro campo de batalha: antes mesmo que a campanha se iniciasse, ela já estava sendo bombardeada ostensivamente pela internet, por pessoas ou grupos que a consideraram não condizente com a fé católica. Reivindicando o direito dos leigos manifestarem a própria opinião, passaram a hostilizar os pastores da Igreja, esquecendo-se, talvez, que a Igreja é apostólica, por natureza, e que atacar os Bispos (ou pior ainda toda uma Conferência Episcopal!) vai contra a unidade da própria Igreja e contradiz o mandamento maior que o Senhor Jesus nos deixou: “Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo. 13, 35). 

Em meio a esta lamentável polêmica, o carisma de São Luís Orione nos oferece o discernimento necessário para apaziguar os ânimos e permanecermos sempre em comunhão com os pastores da Igreja. Também em seu tempo, eram muitos os que atacavam a Igreja, mas ele se mostrou sempre fiel ao Papa e aos Bispos, reconhecendo neles aqueles que o Espírito Santo escolheu para conduzir sua Igreja. E, se às vezes, discordava em alguma coisa do que a autoridade eclesiástica ensinava, sabia colocar tudo em oração, para depois expor, humildemente, a sua opinião, de maneira reverente e filial.

Certamente, a ninguém é proibido expressar a própria opinião, e críticas são muito bem-vindas, desde que feitas em um clima de respeito e de caridade cristã. Mas há uma diferença entre a crítica construtiva que busca o bem e a unidade da própria Igreja e aquela destrutiva, feita apenas para defender as próprias ideias. A primeira, pode gerar santos; a segunda, pode nos levar ao caminho perigoso do fanatismo e da dissensão. 

Pe. Jorge Rocha

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