FAÇA AMIGOS – A AVENTURA DO CÃO E DO GOLFINHO

FAÇA AMIGOS

A AVENTURA  DO CÃO E DO GOLFINHO

Provavelmente todos que tem whatsapp e similares recebem enxurradas de vídeos, cartões, fotos, mostrando políticos parecidos com galinha d’Angola, corruptos presos, notícias escabrosas, gatinhos, passarinhos e cachorrinhos de todos os tipos. Tornou-se uma coqueluche e mesmo espaço para expressar as emoções coletivas.

Pode ser divertido ou pode nos causar aborrecimentos por pura questão de excesso e no fim a gente acaba não abrindo quase mais nada, para não perder tempo.

A Juliana Roriz, uma de nossas alunas da Teologia, sabendo que não damos respostas a isso, por falta de tempo, telefonou-nos:

– Mandei um vídeo para vocês que tem o título de “Make friends” (faça amigos), com a mensagem: “Olha o que Deus faz por você em silêncio”.

E insistia:

– Vocês precisam assistir, tenho certeza que vão gostar muito.

– Mas, Juliana, o pessoal ainda não entendeu que são apenas recados do grupo de Teologia, não dá tempo de abrir cada coisa que vem.

– Ah… por favor, este vocês precisam vê-lo, é maravilhoso.

Repetiu:

– Ah… por favor, vejam este, prometem que vão ver?

Diante de tanto pedido, dissemos que sim.

Abrimos a caixinha de Pandora sem saber o que iríamos ver. Era um filme de três minutos, muito bem feitinho e nos deixou pensando em quantas mensagens poderíamos tirar de suas imagens. Podemos contar um pouco a história:

Com imagens bonitas e música agradável, conta a fábula de um cachorrinho que está num barco e vê tubarões e muitas coisas mais no mar. De repente o barco dá um tremendo solavanco e o cãozinho é jogado na água.

Ninguém percebe sua queda e ele se vê nadando como um doido para tentar sobreviver. Como num filme de aventuras, lá vai o cãozinho lutar contra o seu destino.  Um dos tubarões resolve que ele deverá servir para um laudo almoço e assim avança contra o frágil cão.

Uma corrida em alto mar, desperta um simpático golfinho que resolve ir em defesa do cãozinho. Tubarão e golfinho se enfrentam e o golfinho consegue sair com o cãozinho no seu dorso. Leva-o até o barco e ficam amigos. Ninguém viu nada, a não ser o cãozinho e o amigo golfinho que o ajudou. Amizades silenciosas são mais profundas.

Mas ali está o mar e tantas coisas que Deus fez, inclusive os três personagens de nossa fábula.

A história não mostra os homens, apenas os três envolvidos nesta guerra marinha. Isso foi fundamental para mostrar que Deus está presente na solidariedade, não somente dos homens mas de todos os seres vivos. Solidariedade é um timbre divino e a amizade é seu perfume.

Sabemos da imensa inteligência dos golfinhos e neste ele é nota dez. Se fosse gente, o cãozinho e o golfinho mereceriam o Oscar de interpretação “natural”. A cena do golfinho levando o cãozinho nas costas é divertida pela carinha de felicidade do cão.

  No final, o golfinho dá um show ao lado do cãozinho que agradece o gesto do amigo. Sejamos francos, nem sempre, nós, os humanos, estamos dispostos a fazer         algum sacrifício por algum desconhecido, principalmente quando nossas vidas podem estar em perigo. Aqui fica tão patente que o golfinho vai à defesa do pequeno  cãozinho lutar contra um tubarão. Sabemos ainda que o tubarão é um “bicho” que assusta qualquer um e que é voraz. Basta lembrar-se do exímio surfista que    encontrou um cara a cara, recentemente.

 Quantas pessoas encontramos assim no mundo? Esperamos que todos pensem sempre nos grandes gestos de amizade. É tempo de recuperar nossa humanidade, a  leveza de nosso coração.  É tempo de resgatarmos a gratuidade, pois muitos seres humanos, pobres de alma, não mexem um dedinho sem ganhar dinheiro. Pessoas  sem alma, mercenárias. Outro dia uma família negou de doar órgãos de um motoqueiro, que teve morte cerebral após um acidente e que possibilitaria restituir a  saúde (e a vida) para diversas pessoas. Solidariedade entre os animais é bem mais comum que parece. E é bem real. De fato, o filme nos passa uma mensagem de  coisa boa. Nem tudo que circula no whatsapp é lixo, devemos aprender a colocar somente o que pode melhorar a vida de cada um.

Que aprendamos de Deus a gratuidade do espírito, que se realiza nos animais e nos seres humanos em todos instantes da vida. Seja gente novamente e pense o que tem feito simplesmente por generosidade. 

 

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia