Trabalhar procurando só a Deus!

Dos escritos de São Luís Orione…

Ontem eu estava na casa de um bom  padre e lá bati os olhos nestas palavras: Deus só! Naquele momento meu olhar estava cheio de cansaço e minha mente repleta de jornadas exaustivas e dolorosas como tinha sido o dia de ontem; sobre aquele torvelinho de angustias e o zumbido confuso de tantos suspiros parecia que a voz suave e amiga do meu ano da guarda me viesse sussurrando: Deus só, ó alma desolada, Deus só!

            Sobre  o beiral  de  uma janela estava um vaso de flores; mais à frente estavam uns padres piedosamente meditando e, mais para a frente ainda um crucifixo, um crucifixo querido que me recordava anos belos e inesquecíveis; meus olhar cheio de dor foi se acabando lá aos pés do Senhor. Parecia que minha alma ressurgisse e que uma voz de paz e de conforto descesse do coração transpassado de Cristo e me convidasse a voar para o alto, a entregar para Deus minhas penas e a rezar!

            Silencio doce e cheio de paz!… E no silencio as palavras: Deus só! Eu ia repetindo para mim mesmo: Deus só! Sentia uma atmosfera benéfica e calma inundando minha alma!… E foi então que vi dentro de mim as razoes das angustias presentes, vi que ao invés de buscar no meu trabalho o agradar a só a Deus, eram anos e anos que eu andava mendigando os louvores humanos, vivia  numa procura constante,  num afadigar-se incessante querendo encontrar quem me visse, quem me aplaudisse.. e conclui comigo mesmo: tenho que começar vida nova vida nova agora mesmo: trabalhar buscando só a Deus, Deus só!

            Trabalhar sob o olhar de Deus, de Deus só! Ah! Sim, esta aí, nestas palavras uma regra nova de vida, e todo o que basta para a Pequena Obra da Divina Providencia: o olhar de Deus!’’

            É preciso  começar vida nova, e é preciso começar por aqui: trabalhar procurando só a Deus! Trabalhar sob o olhar de Deus, sob o olhar de Deus só!           

            O olhar de Deus é como orvalho que fortifica, é como raio luminoso que fecunda e dilata: trabalhamos sem barulho e sem trégua, trabalhamos sob o olhar de Deus, sob o olha de Deus só!

            O olhar humano é um raio torrico que faz empalidecer até os mais resistentes: seria em nosso caso, como um sopro gélido de um vento que dobra, encurva e quebra o broto ainda tenro denta pobre plantinha.

            Toda atividade feita a toque de caixa e para se exibir  perde sua beleza aos olhos de Deus: é como flor que passou por muitas mãos e que mal da para se apresentar.

            Ó pobre Pequena Obra da Divina Providencia, seja a flor do deserto que cresce se abre e floresce, por que assim lhe falou Deus e que não se altera por que um pássaro a descobriu, nem por que o vento, ao passar sacudiu suas folhas mal depontadas.

            Para nossa alma e para toda nossa vida: Deus só! Deus só!

            A solidão sem Deus pode repousar e espirito, mas resseca o coração: é uma planície florida e perfumada, mas banhada por um sol pálido e mortiço.

            E ao invés, a solidão com Deus é um atmosfera tépida e doce, a única que é capaz de curar as feridas do coração!

             Deus só! Como é consolador e maravilhoso procurar a Deus só por testemunha!

            Deus só! Isso é a santidade mais alta!

            Deus só, a maior segurança de conquistar o céu!

            Deus só, ó meus filhos, Deus só!

 

 


Texto retirado do Livro "Nos passos de Dom Orione" pg. 229.