A
pessoa e a relação entre Formador e Formando
Dc. Osvaldir Ribeiro, FDP
O trabalho no campo da formação sempre foi muito
caro a Igreja, e ao longo dos tempos inúmeros documentos sobre esse tema, foram
elaborados, sempre procurando a luz da realidade dar respostas aos desafios que
se apresentam. A Igreja do Brasil, através da CNBB ciente dessa necessidade
apresentou em sua 48º Assembléia Geral as Diretrizes
para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil, Documento 93. Onde ele ressalta a pessoa, o papel e a importância
da “Presença e a Missão do Formador”. Salientando
que o formando é o protagonista de seu processo formativo, mas para isto é
também de suma importância a colaboração do formador, como irmão mais velho,
favorecendo e promovendo um ambiente formativo saudável, humano e ético em vista
de uma formação integral. A presença do outro é uma das necessidades
básicas do sujeito humano. A sua ausência deixa marcas desagregadoras. A casa e
o cotidiano exigem a presença de todos os formadores. O reitor e de mais
formadores encarnam o ícone do Cristo Servo e Bom Pastor para cada formando e
para a comunidade. A presença do formador é sinal de pertença familiar que ao
mesmo tempo gera eqüidistância e reciprocidade. Pelo distanciamento, o formador
dinamiza o processo educativo. A pedagogia da presença visa facilitar o
crescimento da comunidade e do formador. O estar junto gera reciprocidade,
respeito mútuo e consentimentos. A transparência dos formadores estimula a
lutar e romper amarras. Quanto mais presença, melhor se comunica clareza,
solidariedade e força para agir e recomeçar sempre o processo de auto edificação.
Para o processo formativo, a presença é o maior bem. A norma suprema da
educação é o testemunho. Os formadores vivam eles mesmo da maneira como desejam
que os formandos venham a ser no futuro ministério. A equipe de formadores deve
atuar de forma integrada, sendo sinal da comunhão que Cristo viveu com seus
discípulos. A Igreja é na terra mistério de comunhão trinitária, a comunidade
formativa deve ser para formadores e formandos um sinal de comunhão divina.
O
formador é antes de tudo um colaborador do Deus educador, mediador tendo como
referencia Cristo Senhor, sua missão consiste em ajudar cada jovem a encontrar
o Ressuscitado como pessoa viva, presente, que o chama pelo nome a colocar-se ao
serviço do projeto de salvação. Lembrando que a relação formador e formando é
assimétrica, pois existe diferença de funções, a amizade é importante, mas o
formador é sobretudo um educador, e que o seu prestigio se vê através do seu
modo de ser como aquele que é o mais caridoso, o mais respeitoso, o mais
generoso, o mais conciliador e o mais manso. Pois, um formador de prestigio é
aquele que se torna modelo para imitar. A
superioridade do formador não se impõe pela força, por cargo, as por aquilo que
é, vive, pela sua maturidade humano-afetiva-espiritual, equilíbrio de
personalidade. Ele deve intervir e ajudar o formando a trabalhar o seu mundo
interior, aberto ao plano de Deus, ele deve ser um estímulo de crescimento para
ajudar o jovem no seu discernimento. O formador é um irmão mais velho. O seminário tenha uma precisa programação,
que caracterize pela sua organicidade e unidade, em sintonia com fim que
justifique a existência do seminário. O formador deve ajudar o jovem a ter uma
disciplina na vida, um programa pessoal de vida, saber cooperar, partilhar,
pensar nos outros, viver com alegria etc. Para sublinhar o formador deve amar a
sua identidade vocacional, de bem consigo mesmo, que tem um uma relação positiva
com o seu mundo interior.
A
Igreja mais do que nunca, ao longo de sua caminhada, tem procurado construir e
organizar seus espaços formativos, propor os passos fundamentais para uma
adequada formação, fomentar e estar em comunhão com os apelos e desafios que a
formação requer. Assim como também normatizar, definir regras que possam
nortear o processo formativo dos futuros clérigos. E no que diz respeito ao
reitor, com sua autoridade que lhe compete, cabe organizar os moderadores e
professores para que cuidem do bom andamento da vida cotidiana do seminário,
assim como a fidelidade as normas prescritas pelas Diretrizes básicas da
formação sacerdotal e pelo regulamento do seminário.
Portanto,
ao falarmos de formação humana, somos sempre desafiados em todas as suas
dimensões. Quando se trata de um ambiente formativo, como os Seminários, ou
casas de formação e que a frente deles devem estar pessoas realizadas, humanas,
integradas e equilibradas para que possam conduzir, mediar e educar os jovens
em seu processo de busca e realização pessoal. Hoje nos deparamos com grandes
dilemas que acabam fragmentando o processo formativo, é a falta de pessoas bem
preparadas para exercer essa nobre e cara missão. Creio que ao se tratar de
pessoas para trabalhar na formação, é preciso que seja alguém realizado, feliz
pela escolha assumida, equilibrado, disponível, capaz de ouvir e saber de fato
orientar, que deseja ser ponte formador-formando, que tenha as virtudes do
Cristo Bom Pastor, alguém realmente vocacionado a acompanhar, educar e orientar
pessoas, rumo a sua realização.
Referências Bibliográficas:
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretrizes para a formação dos
presbíteros da Igreja no Brasil. Texto aprovado pela 48º Assembléia Geral. São
Paulo: Paulinas, 2011. (Nº 233 a 245).
MARMILICZ, Pe. André. O Ambiente Educativo nos Seminários Maiores do
Brasil. Curitiba: Vicentina, 2003.
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO. 5º Ed. São Paulo: Loyola, 2001.