Confiança nos novos amigos

BEM VINDO, PEQUENOS ESQUILOS

CONFIANÇA NOS NOVOS  AMIGOS

Esquecemos que estamos na Primavera, pois nosso país tem estações completamente fora dos padrões normais. Às vezes temos, quatro estações no mesmo dia, faz frio, venta, faz um calor  danado, chove, tem temperatura agradável. Nunca seremos como outros países ou continentes, que lembram a vida através de suas estações no ano. Basta lembrar que grande parte das festas religiosas e civis foram elaboradas a partir das estações do ano, sejam chuva, primavera, neve e tantos fenômenos naturais.

– Ah… aquele inverno foi terrível, nevou durante semanas e semanas.

– Nunca tivemos um verão como aquele, as temperaturas chegavam a 40 graus quase todos os dias!

– Eu o conheci no outono, ventava muito!

Bem, é primavera ainda, o verão não chegou, os animaizinhos estão mais soltos, procuram alimentos, correm, vão procurando seus pares. No outro dia, resolvemos fazer um passeio cultural com as crianças da catequese. Visitamos maravilhas construídas pelos  Depois de verem humanos, mas depois fomos ver as maravilhas da natureza. Enquanto o ônibus não chegava ao local indicado, cada um resolveu descansar no parque em frente aonde esperaríamos nossa condução.

Sentamos num banco do belo parque e um dos alunos nos deu um pacotinho com amendoim, dizendo para darmos para os esquilos, que eles iam atrás deles. Olhamos para todos os lados e não vimos nenhum. Achamos que estavam sonhando com esquilos em pleno parque rodeado de prédios por todos os lados. Foram as crianças que alertaram.

– Veja, que esquilo bonitinho, disse a Maria, irmã da Joyce.

– Não, ainda não vi. Onde está, disse a Mayara. Não vi, cadê, cadê?

O Eduardinho, o Du, logo anotou: -Lá, sobre a árvore, veja que bonito.

– Pulou para a outra árvore. Coisa bonita, coisa de Deus, disse a Rose, mãe da Mayara.  

Fez-se um silêncio de parque, aquele que a gente escuta bichinhos correndo, gente ao longe fazendo corridas, crianças dando risada e… vimos um esquilo vindo mais próximo da gente. Ficamos bem quietinhos, tiramos os amendoins do saquinho e estendemos nossas mãos para ele. Ele nos olhou com total desconfiança. Era como se pedisse que jogássemos de uma vez o amendoim e pronto. Jogamos alguns e continuamos quietinhos. Ele os saboreou ali, não deixando de olhar meio desconfiado. A vontade que temos nesta hora é que eles fossem como uns gatinhos e viessem carinhosamente comer em nossas mãos, pudéssemos alisar seus pelos e segurá-los nas mãos.

Mas eles não são gatinhos, são esquilos e sabemos que eles não são muito chegados em humanos, que correm muito e sobem por todos os cantos, principalmente árvores, mas perto de gente é bem mais difícil. Aos poucos jogamos mais amendoins e ele foi-se aproximando. Finalmente, talvez até acostumado, não sabemos, aproximou-se mais e mais.

E num gesto rápido pegou de um de nós um amendoim na palma da mão. Para nós foi o máximo, depois ele correu e quando vimos estava em companhia de uma, achamos “esquilinha”, pois era menor que ele e tinha uma carinha mais doce, talvez fosse a namorada do esquilo a quem ele levou o amendoim. Jogamos mais amendoins e o casalzinho comeu, olharam para nós, como que agradecendo e foram embora. Para nós foi um momento inesquecível, esta aproximação com animaizinhos que fogem ao contato dos humanos, mas adoram, por outro lado, serem alimentados.

Ficamos pensando como é bom trocar mensagens com esquilos ou pessoas que não conhecemos. Muitas vezes,  temos receio de nos aproximar e somente querem nosso bem. É primavera, tempo agradável. Vamos começar a nos aproximar mais e mais dos esquilinhos do parque e também daqueles que têm fome. Vamos levar alimentos para eles, vamos nos aproximar dos nossos irmãos, vamos tentar ter novos amigos.

Afinal, a natureza nos proporciona tudo isso e nós temos medo de tudo neste mundo moderno. Quem sabe da próxima vez, os esquilinhos que estão chegando cada vez mais perto, se aproximem, assim como os seres humanos, que  não precisam terem medo do outro. Cada momento pode ser uma nova experiência, um caminho de felicidade, onde os pequenos instantes são matéria prima para viver. Ainda é Primavera, vamos sorrir com eloquência.   Quando passar a primavera, vamos continuar sorrindo, pois o sorriso é o termômetro da alma.  Tem sempre esquilos cruzando nossos caminhos, elevando nossa fascinação. Como dizia o Heidegger: a existência é pura fascinação. Fascinemos.

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita) , doutor em filosofia e teologia

 

Prof. João H. Hansen, doutor em ciências da religião.