A PEQUENA GRANDE FREIRA
GESTOS QUE DÃO SENTIDO À VIDA
Gostaríamos muito que você conhecesse a Irmã Rosilene, das freiras do Imaculado Coração, do Puríssimo. Cabelos brancos, poucos quilos na balança, mas muitos anos no calendário; e um sorriso esplêndido.
Ela coordena nosso grupo de Estudos. Naquela manhã de sábado, estávamos discutindo os grandes nomes da história da humanidade. Revimos flashes da vida de Francisco (o de Assis e o argentino), de Bárbara Maix, do Padre Cícero e de Dom Orione. Homens corajosos, santos profetas, nomes maravilhosos. Existe uma lista muito grande que elenca pessoas que dedicaram suas vidas para o bem da humanidade. Podemos citar nomes grandiosos e famosos, mas cada um de nós pode fazer sua lista particular. Nomes de vizinhos, líderes comunitários, parentes queridos formam uma lista de benfeitores da humanidade. Na Igreja, em todas as comunidades, encontramos pessoas que dedicam tempo para servir os irmãos. Gratuitamente, gentilmente; na catequese, carregando caixas nas promoções, fritando pastéis nos festejos, preparando a liturgia para animar os irmãos.
Por isso, temos nosso Grupo de Reflexão Bárbara Maix. Sim, porque existem pessoas que são altruístas. Nosso grupo aprofunda os temas do carisma desta grande mulher. E estudamos o contexto de luta dos povos e a força profética da Igreja. Na evolução das discussões, surgiu a questão triste das pessoas que praticam maldades. São doentias, problemáticas ou dominadas pelo espírito do mal. Sim, o espírito do mal; aquele que faz a festa nos sermões dos pregadores fanáticos. De repente, falando dos homens perversos, a conversa tomou novos rumos.
– O diabo continua tentando invadir nosso mundo.
– Ele continua a nos provocar.
– Como assim: Jesus não o venceu?
– Qual nada, Jesus o expulsou, mas o Evangelho disse que ele se afastou para voltar em tempo oportuno.
– Que pena, porque Jesus não o destruiu para sempre?
Foi, então, que a Nanci, lançou sua pérola:
– Porque Jesus ainda pretende convertê-lo para o bem.
Todos riram e a discussão continuou. Até a Irmã Ermida, célebre maestra de nossa cidade, deu suas gargalhadas. Quer dizer, pequenas gargalhadas. Ele falou da grande sabedoria divina. E quando a Irmã Ermida fala, todos silenciamos, como fazem os pássaros na floresta, quando o uirapuru entoa sua solene sinfonia. Silêncio na floresta, silêncio na sala.
A Irmã Rosilene é um capítulo especial. Vem de longe para estar conosco e nos iluminar. Suas preocupações são proféticas (tráfico de pessoas, desvios nos governos, conservadorismo na igreja, direitos da mulher, entre tantos) nos tocam o coração, mexe com nosso grupo.
Entendemos então a grandeza do gesto da irmã que vem de tão longe. Afinal, nossas ações dão sentido à nossa vida. São aproximadamente 400 quilômetros, para estar conosco.
A nossa vida, afinal, tem sentido nas pequenas atitudes. Cada ação que realizamos é uma motivação para viver. Não precisamos fazer grandes coisas, mas pequenas coisas com muito amor. Por certo, nossas obras não são grandiosas; mas elas fazem o bem. E se fazem o bem a alguém fazem o bem a nós também. Pequenos gestos que nos engrandecem e valorizam as pessoas de nossas relações. Coisas simples como uma visita, escrever um cartão, preparar uma mamadeira ou ajudar um idoso atravessar a rua.
Se formos pessoas de bem, nossa satisfação não vem de nossas conquistas triunfantes, mas do exercício de nossa generosidade.
Sim, a Irmã Rosilene viaja centena de quilômetros todos os meses. Poderia não vir, fugir do compromisso, mas sua vida perderia o sentido e afundaríamos na depressão, no desânimo.
Procure caminhar na direção do outro, no lar, na comunidade, no trabalho e na cidade. Nem precisa ser tantos quilômetros; basta alguns passos. Pouco importa, importa sair de si mesmo e fazer o bem.
Pe. Antônio S. Bogaz (orionita) , doutor em filosofia e teologia
Prof. João H. Hansen, doutor em ciências da religião