Discernimento

Indicações
para discernir, tentar “ver” a própria vocação


1)
Fica atento aos eventos da vida

“Ouve”
os acontecimentos de tua vida. Descobrirás que o Senhor, talvez desde há algum
tempo, talvez muito tempo, não deixa de preparar teu coração para consagrar-se
a ele e a servir seu reino. Ele te deu pais, amigos, experiência de vida, algumas
talvez dolorosas… te deu uma história… Tudo te preparava e te prepara para
um amanhã. É preciso “ouvir” os acontecimentos da própria vida.

2) Conhece-te

“Quem de vós, com efeito, querendo construir uma torre, primeiro não se
senta para calcular as despesas e ponderar se tem com que terminar?” (Lc
14,28) É necessário sondar o próprio coração antes de começar uma caminhada que
pode mostrar-se inútil ou frustrante; no caso da vida religiosa, quantas
vocações não deixam seminários e conventos com sentimentos arredios à Igreja e
aos “homens de igreja”? O conhecimento de si ajuda a ir superando as
próprias dispersão e divisão, te impede de tentar percorrer todas as estradas
possíveis e a concentrar-te na tua. Ao seres sincero contigo mesmo, em primeiro
lugar, terás uma maior possibilidade de avançar com mais segurança em teus
projetos, desde que sejam os projetos aos quais és chamado. Pouco a pouco,
farás escolhas, tomarás decisões conformes, queira Deus, ao caminhar que te foi
proposto por ele mesmo, e que aceitaste.

Mas, atenção! Não se trata de exigir que sejas perfeito. Não pretendemos que
batas à nossa porta já como um santo religioso, já concluído. (Esse religioso,
aliás, não existe.) Nada disso. Trata-se de saber se te conheces o suficiente
para saberes se há em ti uma predisposição interior para seguir os caminhos que
pensas seguir, se és uma pessoa aberta a trabalhar-se para mais e mais
cresceres no ideal que te foi proposto e que aceitaste, se és uma pessoa aberta
também ser trabalhada, sobremaneira pela Graça de Deus. Querer é importante,
mas é inútil sem o poder da Graça de Deus. Conhecer tuas capacidades e limites
é fundamental num projeto vocacional. É no processo de conhecimento de ti mesmo
que te abres a um conhecimento melhor e mais profundo dos desígnios de Deus a
teu respeito. Por isso, se te conheces e sabes ser um espírito mais monástico,
à la cartuxa (isto é, de não muito falar), não procurarás consagrar-te numa
família religiosa onde, com freqüência, se requer falar -mas, sobretudo, dizer-
por palavras.

3)
Sê Disponível

Exatamente. Haverá quem diga que o subtítulo acima, em bom português, deva ser
Estar disponível. Cremos diferentemente. A disponibilidade da qual falamos é uma atitude, um modo de vida. Não só para
nós, orionitas, para quem isso é imprescindível. Trata-se da disponibilidade a
“perder tempo”. Mas uma perda consciente, ordenada, sã. É preciso
perder tempo, isto é, saber parar, pensar, refletir, meditar, rezar. Qualquer
que seja o convite que o Senhor te faz com relação à tua vida, deves estar
aberto aos sinais que ele te dá. Esta perda de tempo é atitude de escuta e
acolhimento. Sinais há. Um diretor espiritual ou um orientador vocacional, que
podem coincidir numa mesma pessoa, e a participação em encontros ou retiros
vocacionais podem te ajudar a identificar estes sinais. Somente sabendo perder
tempo, como indicado, poderás verificar a verdade de tua leitura dos
acontecimentos de tua vida e do conhecimento de ti mesmo. Sobre a orientação
vocacional e o percurso que podes fazer conosco, lerás em outra página.