MANHÃ NO HORTO O JEITO DE SER DE TODOS NÓS

MANHÃ NO HORTO

O JEITO DE SER DE TODOS NÓS

 

 

Esta é uma espécie de fábula muito bonita, com personagens encantadores. Um casal de professores, Silvio e Edna, tão suave e amável,  resolveram levar as crianças para um passeio pelo Horto. Era um sonho.

As crianças chegaram e começaram a brincar pelo parque. Márcio correndo o tempo todo atrás das crianças que se perdiam. Joaquim era o ajudante geral, vigilante dos dispersos.  Sempre solícito, não deixava ninguém se perder no meio das trilhas.  Helena, uma menina sonhadora, vivendo nas nuvens ficava correndo atrás de borboletas. Nem tinha a rede para caçar as borboletas, mas corria atrás das mais coloridas. Neusa era sempre a última em todos os lugares visitados. Ela se perdia entre as árvores.

 – Vai procurar a Neusa, João Gilberto, já que você está carregando as bolsas dela e da Heleninha.

– Deixa que eu vou. Mas já está me irritando.

Toca o João Gilberto ir procurar. Foi, mas não voltou. E lá se foi o Joaquim feito um caçador de "achados e perdidos". Sempre socorrendo os que tinha se distraído pelos caminhos.

A Cida com seus óculos escuros beliscava todo mundo e se escondia. E quando atacada, se fazia de vítima e charmosamente gritava por socorro. Tata e o Tibico, sempre adoráveis, prontinhos para reconciliar as pessoas e socorrer a todos. Eles faziam a diferença, com toques de bondade. No meio das aventuras, conhecendo mil maravilhas, o Tibico machucou o joelho. Todos se preocuparam. Wilson ajudou carregar as malas.  O casalzinho apaixonado Ignez e o Eolo levaram uma gaiola com um passarinho. Mas num momento de descuido, um menino traquinas,  roubou o passarinho.  Foi uma zoeira só, todos ansiosos. Foi como perder o passaporte num país estrangeiro. Lá estava o Joaquim para socorrer a todos. Aflição geral.  Roselis, amiguinha da Ignez, chorava silenciosamente.

Nunca mais se achou o passarinho. Deu trabalho, mas  compramos outro. – Mais cuidado, disse o Sílvio. Vai ficar para trás.

– Acontece, vamos estar mais próximos dos mais frágeis, disse gentilmente a Edna.

Impossível não notar duas meninas muito simpáticas, a Viviane e a Edilaine, sempre ao lado de todos e com muita alegria. Mas queria o tempo todo ligar para as mamães. Tinha também um garoto, o Jorge, com sua máquina fotográfica. Finalmente, entramos na capela, meio abandonada. Rezamos, rezamos pelos ausentes, os enfermos e as famílias.

Impressionante notar como as personalidades se revelam nas circunstâncias do cotidiano. Os gentis socorrem os aflitos; os amáveis dizem palavras boas para estimular os mais tímidos e medrosos, os mais egoístas correm para sentarem no balanço. Os mais individualistas, montam os próprios brinquedos e pensam somente no seu prazer, os mais solidários socorrem os que se perdem. Tinham meninos que somente comiam depois que todos tivessem sido servidos; tinham aqueles que primeiro comiam e depois olhavam se tinha alimentos para todos. Nas encruzilhadas da vida, o espírito humano se manifesta em atitudes.

A natureza é generosa. Em meio as flores de Deus o "Grupo Orione" partilhou momentos bonitos.  Nas situações cotidianas se revela descaso, mas também solidariedade. Cada dia é uma página do diário de nossa existência. Todos trouxeram mais pequenas lembrancinhas para presentear os amigos. Trouxeram recordações. Todos queremos fotografar todos os ângulos da história, mas é a história que nos fotografa e nos testemunham. Caprichemos nas atitudes, nos olhares, nas palavras. Somos protagonistas de nosso diário. Que diminuam os descasos e se multipliquem as amabilidades. A vida está nos fotografando.

 

 

 

 

 

Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e

Teologia Sistemática – Cristologia

Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e

Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia