PADRES ANCIÃOS
Neste início da semana, o Padre Cido, da Província Orionita, telefonou e nós atendemos com o carinho de sempre, pois ele é uma pessoa bastante especial:
– Queria avisá-los, que nesta semana, levaremos nossos padres idosos para uma visita a comunidade Orionita.
– Nossa, que surpresa – dissemos – quantos virão?
– Aproximadamente uns oito padres – disse o Pe. Cido – eles querem conhecer as capelas, a Matriz, as obras sociais, alguns já estiveram aí, outros não.
Ficamos felizes com o convite. Lembramos o quanto é importante a sabedoria destes padres. Pensamos nos tempos antigos quando os anciãos se reuniam, com sua imensa experiência, para ensinar os jovens, dar-lhes conselhos para que pudessem ser úteis na vida de uma maneira muito bonita, assim como eles foram.
O fato é que o idoso tem a experiência da vida e nem todos entendem o quanto é importante aprender com eles, pois muitos têm uma trajetória de vida interessantíssima. Muitos continuam com sua jornada e não param de auxiliar quem precisa.
Assim, estivemos recebendo estes padres, que nos lembram da Patrística (padres antigos que fizeram da nossa fé, um estudo de séculos até chegarmos onde estamos). Nossa aldeia Rio Claro sentiu-se orgulhosa de mostrar suas capelas, onde muitos se emocionaram, pois quando jovens estiveram ali, rezaram ou celebraram.
É importante que se faça um passeio com estes padres que deram sua vida pela vocação que tiveram; trabalharam muito em prol das comunidades, celebraram casamentos, batizados, exéquias, viajaram pelos quatro cantos do país, sempre com o sentido da evangelização das pessoas.
Em cada capela uma atenção e um carinho de seus coordenadores, cafés, almoço, tudo o que pudesse fazer com que eles se sentissem bem, afinal a vida é um imenso jardim e é necessário regá-lo todos os dias, se não morre.
Foram, portanto, os jardineiros que cuidaram das plantinhas. Vendo cada um lembramo-nos de algumas coisas especiais, como o Padre Manuel que acompanhou alguns meninos na vida e que hoje são padres muito amados; aprenderam com ele o prazer de ser sacerdote.
Todos rezaram por nós e ficaram felizes de ver que aqueles que eles ensinaram estão fazendo maravilhas em todo o país. São como pais ou avós que deixam os filhos e de vez em quando vão ver como eles são. Visita linda, cheia de paz, o mundo não é apenas política, corrupção, desenganos… o mundo é uma aldeia onde nossos padres idosos cuidam ainda de nós. Deus os abençoe.
Todos andavam vagarosamente, como a contar os passos com a partitura do tempo. Eles deram a vida. Pe. Renato, Pe. Luís, Pe. João, Dom Aloísio e tantos padres de outras paragens: Pe. Boita, Pe. Olívio, Pe. Manuel, Pe. Ari, Irmão Afonso, entre outros.
Cada um recordava seus velhos tempos, tantas missas e tantas preces, tanta caridade e tanta partilha. Quanto consolo deram para as almas, para os adultos em aflição, para as crianças buscando caminhos, para casais buscando unidade. Recordavam os tempos de terra poeirenta, de estradas longas em lombos de cavalos, caminhos feitos em barcos frágeis. Viveram com simplicidade e como prova de doação e entrega, vivem a velhice sem o brilho das riquezas, mas com a nobreza de quem viveu com dignidade e com fé. Foi por isso que o Mozart, que os acompanhava falou, quando os contemplava:
– Hoje entendi o que é a ladainha dos santos.
Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e
Teologia Sistemática – Cristologia
Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e
Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia