OS CUIDADOS DO SEU LOUREIRO
As histórias da vida nos mostram que nem sempre o caminho que pensamos é o caminho que a vida nos prepara. Algo diferente acontece e somos surpreendidos pelas fatalidades que acontecem.
No casamento, na grande maioria da vida, o homem é mais velho que a mulher. Quando fica doente é ela quem cuida dele. Parece o óbvio, mas nem sempre é assim. Muitas vezes a esposa fica doente e precisa do marido para cuidar dela.
O Sr. Antônio Loureiro é um exemplo para todos os homens casados. Dona Maria Antônia está doente e é ele quem cuida dela em tempo integral.
Fomos visitá-los, estávamos muito preocupados, pois ele havia tido um infarto.
– E agora? Como vai fazer?- dizia a Dona Edite do Deolindo.
– Temos que visitar e ajudar – disse a Dona Vera, ministra da Eucaristia.
– Mas a Fátima ainda se preocupava:
– Quem vai cuidar da esposa? Quem vai cuidar dele?
Ele nos recebe feliz e diz que o problema já passou.
– Estou melhor, já estou em tratamento.
Sim, ele está se tratando porque ele precisa cuidar de D. Maria. É sua esposa, mãe de seus filhos e sua ocupação na vida agora é cuidar dela, levá-la à missa quando ela está bem, ao médico, assistirem televisão juntos, receber os filhos, coisas que todos fazem na vida, mas quando se está doente, parece que as coisas saem do nosso controle.
Ele e a esposa nos contam suas alegrias e suas tristezas, que não foram poucas, mas que serviu para deixá-los ainda mais forte no sentimento mútuo do amor de longos anos.
Deu vontade de ficar mais um tempão ouvindo o casal e aprender com eles a magia de tantos anos de casados e de um amor e cuidados que um tem pelo outro. O que dá a impressão é que o mundo deveria ser sempre assim, que o cuidar de um e do outro seria eterno, como o juramento que se faz no casamento.
É muito lindo e comovente ver um casal cuidando um do outro, principalmente quando é o homem que faz isso, pois a mulher nasceu com o dom da família mais apurado, mais sensível, mais doce que o homem para criar os filhos, ajudar o marido e cuidar de tantas coisas ao mesmo tempo.
O homem é mais desligado um pouco, não que não ame a família, principalmente a esposa, mas é o jeito de ser.
Estes homens que nunca pensaram nisso precisam conhecer o “seu” Antônio para receber uma lição de como cuidar da esposa.
Dona Maria Antônia fica toda emocionada com o marido, afinal ser bem cuidada assim é um privilégio muito grande.
Conta uma lenda russa que um casal se amava muito e muito, não conseguiam ficar um sem ver o outro, sentiam saudades. Todos os dias quando chegavam do trabalho, os dois se abraçavam, olhavam as estrelas e agradeciam os céus pelo amor que tinham. Os anos foram passando e eles envelhecendo juntos. Ele tinha medo de morrer e deixá-la sozinha e ela tinha o mesmo medo, de morrer e deixá-lo sozinho; somente que nunca falaram isso para o outro. Um dia os dois foram para uma festa dançar a balalaika e havia no lugar uma fonte dos desejos. Estava escrito que jogando uma moedinha o desejo seria realizado. Os dois pegaram, cada um, uma moedinha. As pessoas estavam perto e viram o que aconteceu, apesar de tão rápido. De costas jogaram as moedinhas na fonte e sumiram sem que ninguém entendesse nada. Procuraram, procuraram, mas, claro, o desejo dos dois foi atendido. E quem passa perto desta fonte ouve um som de balalaika.
Vamos pedir ao “seu” Antônio que nos ensine a cuidar de quem amamos. Talvez isso possa ser o início de uma fonte de desejos, o desejo de sempre estar ao lado da pessoa amada.
Pe. Antônio S. Bogaz (orionita), doutor em Filosofia, Liturgia e Sacramentos e
Teologia Sistemática – Cristologia
Prof. João H. Hansen, doutor em Literatura Portuguesa e
Ciência da Religião e Pós-doutor em antropologia