ANJOS DAS VOCAÇÕES

A missão dos padrinhos e madrinhas das vocações

A vocação religiosa e sacerdotal é um dom precioso para a vida da Igreja. Tão precioso que os fiéis rezam sem cessar para que muitos jovens sintam-se chamados por Deus para esta missão tão especial e respondam com generosidade ao chamado de Deus: consagrar-se na Igreja e seguir o caminho sacerdotal. Recordamos o Papa Bento XIV (encontro com presbíteros): "Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe!". Isso quer dizer  que: a messe existe, mas Deus quer servir-se dos homens, a fim de que ela seja levada ao celeiro. Deus tem necessidade de homens. Precisa de pessoas que digam: “sim, estou disposto a tornar-me o teu trabalhador na messe, estou disposto a ajudar a fim de que esta messe que está a amadurecer nos corações dos homens possa verdadeiramente entrar nos celeiros da eternidade e tornar perene comunhão divina de alegria e de amor”. Atendendo o apelo de Cristo mesmo: “rezai ao Senhor da messe que envie muitos operários para a seara” (Lc 10, 2), nascem os grupos de fiéis, nas paróquias ou ao redor dos seminários, para rezar e trabalhar pelas vocações sacerdotais e religiosas.

OS PADRINHOS NA TRADIÇÃO CRISTÃ

Os padrinhos e madrinhas são pais e mães espirituais dos que querem se tornar cristãos.  Todos os neófitos, ao se apresentarem às fileiras cristãs, eram acolhidos pelos líderes das comunidades, que os recebiam sob o testemunho de um “padrinho”. Este padrinho para os homens e madrinhas para as mulheres representavam os afilhados, davam testemunho deles e os seguiam na sua caminhada até a sua consagração batismal.

Por esta razão, até nossos dias, os neófitos são testemunhados por padrinhos que assumem a responsabilidades de segui-los no crescimento da fé e fortalece-los nas adversidades. Devem ser sempre pessoas dedicadas e testemunhos verdadeiros que servem de exemplo para sua caminhada. O mesmo ocorre nos outros sacramentos, sobretudo na Confirmação e no matrimônio. Espera-se que não sejam pessoas apenas escolhidas por sua posição social, para dar presentes e socorrer nas necessidades, mas sobretudo que sejam companhias verdadeiras na estrada difícil da perseverança na fé e no matrimônio. Assim, surgem os padrinhos vocacionais, para aqueles que sentem o chamado para a consagração religiosa e sacerdotal.

PADRINHOS NO CAMINHO DO ALTAR

Falando particularmente dos padrinhos e madrinhas das vocações, espera-se eu sejam fiéis animados pelo espírito do fundador da Congregação ou da Diocese que se preocupam para que não faltem padres e consagrados na vida da Igreja. É muito triste a carência de padres e de religiosas nas comunidades, pois estes são os primeiros celebrantes, os catequistas por excelência e os missionários especiais. Sua missão particular é servir os seminários na oração e no socorro das necessidades dos vocacionados, quando são oriundos de famílias mais pobres. Mas sobretudo são animadores que participam da vida do seminário, sendo para os seminaristas ou postulantes pais e mães espirituais, que também os animam na ausência de suas famílias que ficaram distantes. No seminário devem encontrar uma nova família, onde se sinta protegido e fortalecido para perseverar até o fim. Muitos são os chamados, mas pouco são os escolhidos, pois o caminho sacerdotal e religioso é árduo e exige determinação, perseverança e auto-entrega. Os padrinhos e madrinhas animam os vocacionados nesta trajetória, que tem por finalidade a entrega total a Cristo, na oração, no serviço aos irmãos e na missão evangelizadora da Igreja. Dedicação, como se diz, “full-time”. Estes benfeitores espirituais e materiais servem para a realização desta missão. São preciosos para a Igreja e especialmente nos seminários e nos conventos.

A MISSÃO DOS PADRINHOS E MADRINHAS DAS VOCAÇÕES

Estes anjos vocacionais, que protegem os jovens e adultos que querem consagrar suas vidas ao serviço da Igreja, das comunidades, dos povos e dos pobres, compete defender e incentivar os valores da consagração, como a oração, o estudo e a abnegação de sua própria vida. Devem rezar com carinho pelas vocações e tê-los em suas preces pessoais e familiares. Além disso, devem promover campanhas para contribuir com as necessidades dos seminários.  Normalmente participam de grupos vocacionais e celebram missas e jovens em favor das vocações, ao mesmo tempo  que se encontram para atividades comuns. São leigos engajados nas comunidades religiosas.

Os padrinhos e madrinhas se unem aos promotores vocacionais e aos formadores, para poderem viver de perto as atividades de seus afilhados. Como nos ensina João Paulo II: toda vocação cristã vem de Deus, é dom divino”, estes agentes vocacionais são chamados a defender e honrar as vocações, tantas vezes depreciadas pela sociedade civil. Afinal, “todos os membros da Igreja, sem  exceção de ninguém, tem a graça e a responsabilidade do cuidado pelas vocações”. Além disso, os agentes das vocações fazem parceria com os promotores vocacionais, rezam a cada dia e oferecem missas pelos vocacionados, sofrem quando seus afilhados desistem de sua estrada, rezam o rosário pelas vocações e fazem sacrifícios pela perseverança e santificação dos “chamados por Deus”.

O  fundador dos padres orionitas, São Luís Orione, como de outras Congregações, dedicou  horas longas às vocações e são acompanhados e fortalecidos pelos padrinhos e madrinhas. Suas palavras são ardentes de fé e de coragem: “as vocações ao sacerdócio dos meninos pobres são, depois do amor ao Papa e à Igreja, o meu mais caro ideal, o sagrado amor da minha vida… Pelas vocações dos meninos pobres quanto caminhar! Subi muitas escadas, bati em muitas portas! E Deus me levava avante como o seu farrapo.. Sofri fome, sede e humilhação as mais dolorosas e mais pareciam biscoitinhos de Deus. Também me enchi de dívidas; mas a Divina Providência jamais  me deixou falir! E teria como grande graça, se Jesus quisesse conceder-me, pelas vocações, andar mendigando o pão até o último da minha vida. Almas e almas! Procuro almas! Procuro, com a ajuda divina, fazer uma obra que suscite bons religiosos, santos sacerdotes, apóstolos. Quem não me ajudaria? Fazei-me esta caridade, pelo amor de Deus bendito!”

Poucas vezes na vida, vimos tanta alegria e tanta felicidade e tanta emoção como sentiram os padrinhos e madrinhas de vocação quando veem seus afilhados consagrando-se na vida religiosa ou no altar como sacerdotes. Por certo, como disse uma madrinha: “parece que estava flutuando nas nuvens do paraíso” . Que seus afilhados possam ser sempre dignos de suas preces e de sua devoção e dedicar sua vida à Igreja, na evangelização e na caridade.

 

 

Prof. João H. Hansen  – Pe. Antônio S. Bogaz – Pe. Rodinei Thomazella

da família de São Luís Orione